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sábado, 1 de dezembro de 2018

TANTOS ANOS A ALIMENTAR BANCOS QUE AGORA TEMOS DE DAR DE COMER À FOME

Custa-me imenso viver num país em que seja preciso a solidariedade de tanta gente anónima para mitigar a fome de milhares e milhares de pessoas. Custa-me porque não precisávamos disso, dadas as várias oportunidades que tivemos, equanto país, de garantir o básico (na verdade bem mais que isso) a toda a população portuguesa. 

Não garantimos! Preferimos injetar dinheiro em bancos, seguradoras, empresas falidas, como se não houvesse uma crescente multidão silenciosa que não se limentava devidamente, vivendo da caridade alheia. 
Custa-me haver razão par ter que pegar naquele saco do Banco Alimentar Contra A Fome, porque infelizmente é necessário o meu contributo como a da grande parte dos portugueses.
Esquecendo as infelizes razões que nos levam a rechear o saco de plástico, o Presidente da República resolveu dar o exemplo e exercer a sua magistratura de influência gastando um pouco mais de 200 euros, ou seja, menos de 3% do seu salário bruto, em produtos doados ao Banco Alimentar Contra a Fome. 

Não é valor que lhe faça falta, nem verdadeiramente significativo, mas tem uma grande carga simbólica, porque sinaliza um problema qe ele procurou trazer para o centro da discussão pública durante o seu expressivo mandato - as extensas bolsas de pobreza, especialmente entre os mais velhos, que o país exibe. 

Marcelo só falhou numa coisa - eles precisam bem mais do que afeto, uma selfie ou um contributo simbólico de 200 euros aqui ou acolá. Eles precisam que o Presidente interrogue o governo sobre este colossal e vergonhoso problema que é a fome em Portugal, que questione os deputados sobre o que fazem ao dinheiro e ao tempo que ganham à custa do voto popular, sem nunca contribuirem para a resolução de um problema tão básico do país como o da fome de dezenas de milhares de portugueses.

Se os deputados portugueses usassem os longos tempos que passam fora da Assembleia para fazer voluntaiado junto de associações que apoiam os sem-abrigo, os idosos ou os desempregados de longa duração, talvez não ganhassem mais votos, mais ganhavam de certeza mais humanidade e menos vontade de comparacer àquelas jantaradas de fim-de-semana a que pomposamente chamam trabalho político, junto dos seus eleitores. Só o que gastam nessas lautas e inúteis refeições dava para matar muita fome. 
Gabriel Vilas Boas   

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