Não resultou em Manchester como já não tinha resultado grande coisa na segunda passagem pelo Chelsea nem sido propriamente um sucesso retumbante em Madrid.
Na verdade, Mourinho não brilha - no verdadeiro sentido da palavra - desde o tempo do Inter de Milão. E é isso que traz à evidência a fragilidade do seu modelo de liderança.
É um génio, como sugeriram Klopp, Gerrard ou Rui Vitória? Creio que sim. Mas sempre liderou pelo medo. Ora, a última vez que um balneário teve medo dele foi em Milão. E o seu dilema, agora, é que vai ser difícil encontra um clube à altura do que quer, capaz de lhe dar um plantel à medida de um regresso em grande e, apesar disso, passível de ser gerido pelo medo.
Oxalá não vá para a China. a única razão por que a China não é um cemitério de treinadores é porque o Ocidente a olha, condescendentemente como uma galinha dos ovos de ouro, que todos têm o direito de ordenhar - tanto é o dinheiro que até as galinhas se ordenham - de vez em quando.
De qualquer modo, esse é o problema de Mourinho. O do Manchester é pior. órfão de Ferguson, deixou um treinador engordar o plantel para lá do qualquer possibilidade de reconversão e, depois, autorizou o mesmo plantel a destruir esse treinador. É uma herança avassaladora que ninguém de primeiro plano quererá agora receber, a não ser com garantias claras de poder limpar tudo antes da próxima época.
Pelo sim, pelo não, pois, o melhor será Pogba, Shaw, Martial ou Bailly, os inimigos de Mourinho, mandarem os agentes por-se em campo. Isto não é uma boa notícia para eles.
Mas como poderia o novo treinador ficar, já agora, com Young, Matic, Fellaini ou Lukaku, os protetores do português? Talvez se devam mobilizar também.
Não ficará pedra sobre pedra em Old Trafford. E talvez, no fim, Mourinho se possa rir um pouco.
Joel Neto (escritor e jornalista)
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