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quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

A GESTÃO DO MEDO

Não resultou em Manchester como já não tinha resultado grande coisa na segunda passagem pelo Chelsea nem sido propriamente um sucesso retumbante em Madrid. 
Na verdade, Mourinho não brilha - no verdadeiro sentido da palavra - desde o tempo do Inter de Milão. E é isso que traz à evidência a fragilidade do seu modelo de liderança.

É um génio, como sugeriram Klopp, Gerrard ou Rui Vitória? Creio que sim. Mas sempre liderou pelo medo. Ora, a última vez que um balneário teve medo dele foi em Milão. E o seu dilema, agora, é que vai ser difícil encontra um clube à altura do que quer, capaz de lhe dar um plantel à medida de um regresso em grande e, apesar disso, passível de ser gerido pelo medo. 

Oxalá não vá para a China. a única razão por que a China não é um cemitério de treinadores é porque o Ocidente a olha, condescendentemente como uma galinha dos ovos de ouro, que todos têm o direito de ordenhar - tanto é  o dinheiro que até as galinhas se ordenham - de vez em quando. 

De qualquer modo, esse é o problema de Mourinho. O do Manchester é pior. órfão de Ferguson, deixou um treinador engordar o plantel para lá do qualquer possibilidade de reconversão e, depois, autorizou o mesmo plantel a destruir esse treinador. É uma herança avassaladora que ninguém de primeiro plano quererá agora receber, a não ser com garantias claras de poder limpar tudo antes da próxima época. 
Pelo sim, pelo não, pois, o melhor será Pogba, Shaw, Martial ou Bailly, os inimigos de Mourinho, mandarem os agentes por-se em campo. Isto  não é uma boa notícia para eles. 
Mas como poderia o novo treinador ficar, já agora, com Young, Matic, Fellaini ou Lukaku, os protetores do português? Talvez se  devam mobilizar também.
Não ficará pedra sobre pedra em Old Trafford. E talvez, no fim, Mourinho se possa rir um pouco.

Joel Neto (escritor e jornalista)  

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