Patrícia e Paulo têm uma relação em segredo. Joana, a mulher e Paulo, suspeita de qualquer coisa, e faz-lhe perguntas cada vez mais embaraçosas.
Miguel, o marido de Patrícia, é o melhor amigo de Paulo, mas a franqueza entre os dois já não é o que era. À medida que os enganos se vão enredando, os dois casais perdem-se num laribirinto de quem disse o quê a quem.
Num jogo de máscaras brilhantemente cruel, A Verdade, do dramaturgo parisiense Florian Zeller, centra-se no microcosmos da vida conjugal para expor as hipocrisia da sociedade e problamatizar com humor as vantagens de ocultar a verdade e os inconvenientes de a revelar.
O encenador João Lourenço pegou no texto de Zeller e desafiou quatro atores conhecidos - Paulo Pires, Patrícia André, Miguel Guilherme, Joana Brandão (curioso como os atores emprestam o seu nome às personagens que interpretam) - a dar-lhe corpo cénico. Para o trabalho ficar completo os mesmo atores também levam à cena A Mentira.
O resultado são dois espetáculos notáveis, intensos, bem-humorados, mas sobretudo altamente interpelativos para o espectador. O que custa mais a lidar? A Verdade ou a Mentir? A resposta está bem para além do óbvio e obriga-nos a uma reflexão sobre nós, a maneira como lidamos com a vida, com os outros e sobretudo connosco.
Talvez o maior problema do perigoso e sedutor jogo entre a Verdade e a Mentira seja a sombra de qualquer uma delas: a culpa.
Vi A Verdade no Teatro Aberto. Sala cheia. Plateia atenta, divertida, nervosa com o espelho vindo do palco. Também é para isto que o teatro serve e não apenas para passarmos uns bons momentos entre gargalhadas fúteis e sem história.
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