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quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

NYMPHÉAS, de Claude Monet




Quem ama a pintura impressionista e pós-impressionista tem que visitar o Museu de l’Orangerie, em Paris, no antigo Palácio das Tulherias, a dois passos da Praça de la Concorde, ladeado pelo Sena e com o majestoso Museu d’Orsay como rival. Se o cenário exterior é magnífico, o interior não lhe fica atrás, com quadros de Cézanne, Matisse, Renoir, Picasso, Modigliani, Soutine, Henri Rousseau e Monet.
No piso de entrada do Museu, o visitante fica boquiaberto com a obra NYMPHÉAS, de Claude Monet.

São vários painéis que ocupam duas enormes salas ovais (construídas com esta forma para se adequar à obra de Monet) do Musée de l’Orangerie, que André Masson denominou Capela Sistina do Impressionismo e onde Claude Monet pintou o famoso ciclo dos lírios de água.
As dimensões e área coberta pelos painéis de Monet abrangem cerca de 100 metros lineares de pintura, onde o pintor gaulês deixou a marca da sua genialidade ao pintar uma paisagem pontilhada de lírios de água, ramos de salgueiro, árvores e reflexos de nuvens, dando a “ilusão de um conjunto sem fim, uma onda sem horizonte, nem barco”.

Esta obra-prima é exemplar único no mundo e merece ser admirada de perto, especialmente por quem, como eu, aprecia a pintura impressionista.
O ciclo dos lírios de água foi inspirado no jardim que o próprio Monet mandou construir na sua propriedade de Giverny, na Normandia, provavelmente já com o objetivo de o pintar.
A famosa lagoa de lírios de Monet, obrigou o pintor francês a um trabalho hercúleo de cerca de 300 pinturas, onde se incluem mais de quarenta painéis de grande formato.

Dois tipos de composição por Monet desde o início do ciclo. Um engloba as margens da lagoa e a densa vegetação – composição dos lírios de água da lagoa, pintada entre 1899 e 1900 – mais as pontes japonesas pintadas nos últimos anos de vida de Monet. A outra composição é um conjunto de peças, onde o pintor mantém somente a tabela de água, pontuada com flores e reflexos. Estamos perante as chamadas waterscapes, que Monet pintou entre 1903 e 1908, organizadas em séries, em que cada peça é apresentada como um fragmento, mas no conjunto acaba por formar um belo mural.


Nymphéas (lírios de água) é uma criação monumental e íntima; a expressão e o resultado do pensamento artístico de Claude Monet. Um projeto incrível, onde o pintor francês explorou até à exaustão as variações de luz no seu jardim e que o Musée de l’Orangerie exibe em duas salas ovais, que criam um lugar de reflexão para o visitante.
Há quase cem anos (1918), Claude Monet ofereceu este refúgio de beleza, este lugar de paz e meditação aos parisienses e hoje todo o mundo o pode apreciar.

Gabriel Vilas Boas

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

ÉSQUILO, O PRIMEIRO TRÁGICO DA HISTÓRIA DO TEATRO


Entre 525 a.C. e 456 a.C. viveu Ésquilo, celebérrimo poeta trágico grego que escreveu mais de sessenta tragédia, mas cuja obra só conhecemos uma ínfima parte, pois só chegaram até nós sete peças completas: As Suplicantes, Os Persas, Os Sete Contra Tebas, Prometeu Agrilhoado, Agamémnon, As Coéforas, Euménides.
De carácter bravo e destemido, Ésquilo orgulhava-se em ter combatido em batalhas tão emblemáticas como Maratona ou Salamina, mas foi o Teatro que inscreveu o seu nome na História. Os seus compatriotas admiravam-no muitíssimo e a sua fala de porta trágico extravasa as fronteiras de Atenas.
Como grande patriota que era, Ésquilo concebeu o drama como instrumento de propaganda nacional, ou seja, um meio de inculcar nos espetadores a importância do amor à pátria, da submissão à vontade dos deuses e do culto paciente da virtude.


A Ésquilo ficou a dever-se muitas inovações: passagem da peça de teatro do estado meramente lírico-narrativo ao nitidamente dramático; colocação de um segundo e terceiro atores junto ao protagonista e à frente do coro; enriquecimento do aparelho cénico; introdução da máscara, do manto e do coturno na representação.
Ésquilo escolhe sempre temas grandiosos para as suas tragédias, que tiveram, invariavelmente, um vigor e profundidade insuperáveis.
Durante mais de quatro anos este extraordinário dramaturgo dominou o teatro ateniense, vencendo treze concursos nacionais. Foi ele que limitou as partes corais, estabelecendo o verdadeiro diálogo trágico; foi ele que fixou o esquema de três dramas seguidos que viriam a ser os três atos das peças de hoje.

Como já referi, até nós apenas chegou 10% da sua obra. Em As Suplicantes, Ésquilo propõe a dramatização das lendas das cinquentas filhas de Damão; n’Os Persas são protagonistas as sombras dominadoras de Dário e Xerxes que chega derrota para dar conta da sua inépcia. A tragédia Os Sete contra Tebas fazia parte de uma trilogia cujas duas primeiras peças (Lajo; Édipo) se perderam. Esta tragédia termina com um duelo entre os irmãos Eteocles e Polimice (filhos do incesto de Jocasta e Édipo) de que resultará a morte de ambos para “lavar” o trágico incesto diante da vontade dos deuses.
Prometeu Agrilhoado também faz parte de uma trilogia entretanto perdida. Através da sua história, Ésquilo põe-nos a refletir sobre a bárbara tragédia do Destino inexorável em relação aos homens. O tema é o castigo imposto pelos deuses a Prometeu, que se introduziu no Olimpo para roubar o fogo sagrado dos deuses e dá-lo aos homens.
A única trilogia que chegou imaculada até nós foi a Oristeia (Agamémnon, As Coéforas, Euménides). A ação decorre entre o regresso dos vencedores de Troia e o perdão de Orestes (filho matricida) concedido pelo areópago ateniense.
Definitivamente, Ésquilo – um dramaturgo a reler.
GAVB

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

UNFORGETTABLE, de Nat King Cole

Passam hoje cinquenta anos que o inesquecível Nat King Cole faleceu. Tal como premonitoriamente anunciava uma das suas canções mais célebres, ele tornou-se unforgettable, porque tinha uma voz tão melodiosa e doce que foi impossível esquecê-lo.
Nat King Cole soube pacientemente suportar as injustiças do mundo, vencer o racismo e impor a força da beleza da sua voz.
Unforgettable é uma canção lindíssima, uma extraordinária declaração de amor de um homem sensível a uma mulher única.
Adoro o modo como Nat King Cole gere o ritmo descontraído e preguiçoso de “Unforgettable”, como que dando oportunidade ao ouvinte de saborear lentamente cada verso, cada nota como se de um doce se tratasse.
Recordar a voz enternecedora com que declara:
Unforgettable in every way
And forever more, that’s how you’ll stay
é permitir que a beleza da música entre pela nossa alma e transporte o nosso coração a um prazer suave e eterno.
A vida de cada um de nós está cheia de pessoas inesquecíveis, que nos fizeram e fazem sorrir e sonhar, que nos fazem felizes em cada gesto ou em cada palavra. Nat King Cole conseguiu alcançar esse estatuto na música, devido ao modo como soube combinar uma voz límpida, poderoso e cativante com melodias cheias de uma desconcertante paixão serena.
A música de Nat King Cole parece uma deusa caminhando na brisa da tarde: romântica, delicada, tocante, harmoniosa. De vez em quando, todos voltamos a ela, porque a sua voz nos relaxa, nos faz sorrir e nos delicia. Ser inesquecível parece tão fácil, mas poucos são aqueles que habitam o Olimpo de Mr. Nate King Cole.

Gabriel Vilas Boas

domingo, 14 de fevereiro de 2016

POLÍTICA EDUCATIVA: PÃO E CIRCO


Surpresa e tristeza! Eis os sentimentos que me invadem perante as notícias postas a circular na imprensa portuguesa sobre as luminosas ideias que a nova equipa ministerial da Educação tem para o futuro. Segundo alguns jornais, há gente no Ministério da Educação que acha que os “chumbos” (leia-se pessoas que reprovam) devem diminuir por decreto e que a Escola deve ser a tempo inteiro, estando aberta até às 19h. 30m.


Acho as duas pretensas medidas absolutamente erradas, mas estão em consonância com o fim das provas do 4.º e 6.º anos e a introdução de provas de aferição sem qualquer valor para a nota final do aluno. Infelizmente o quadro começa a compor-se, mas o cenário é negro para o futuro dos jovens e crianças portugueses e por inerência do próprio país.
Resumidamente, aquilo que este Ministério da Educação parece pretender é entreter as crianças/jovens portugueses durante doze anos, dez horas por dia, garantindo-lhes, quase que por decreto, uma aprovação, onde o mérito fará figura de corpo presente.

Como pode o Ministério mandar dizer que vai baixar a taxa de chumbos no ensino obrigatório? É insultuoso para o trabalho dos professores, põe em causa a sua dignidade profissional, dá um claro sinal aos alunos que o seu mérito nas sucessivas passagens de ano será irrelevante. Mas algum aluno sentirá necessidade de aprender quando a sua passagem estará garantida? Quantos adultos se aplicariam nos seus trabalhos se soubessem que a sua presença por si só garantiria 90% do seu salário? Com este tipo de mentalidade, a humanidade nunca teria evoluído.
Advogam os entendidos em Educação (que não os agentes educativos) que as crianças evoluem melhor sem a pressão dos resultados. Errado! Evoluem melhor sem a pressão excessiva dos resultados. Com esta medida, a escola caminhará para a infantilização, tornando as futuras gerações totalmente impreparadas e cavando ainda mais o fosso entre classes, já que a escola era a única garantia que os mais desfavorecidos tinham de poder ascender social e economicamente.

A ideia é pois tornar a escola portuguesa numa espécie de circo romano, onde o povo se vai entreter enquanto aprende algumas coisas básicas, a um ritmo tão lento que desmotivará qualquer criança minimamente curiosa. É, claramente, a política do “pão e circo”, em que os professores serão uma espécie de palhaços pobres e cansados, prontos a entreter as criancinhas, cada vez mais crescidas e malcriadas, desde o pequeno-almoço até ao jantar, com a obrigatoriedade de os passar de ano.
Os professores querem isto? Os alunos querem isto? Os pais dos alunos querem isto? Sinceramente, acho que nenhum destes agentes educativos quer este cenário para a Educação em Portugal, pois todos temos consciência de quanto isso será nocivo para o desenvolvimento do país. No entanto, provavelmente, estas medidas serão aprovadas com a habitual habilidade política de quem não faz outra coisa na vida que não seja ser habilidoso, mas não tem habilidade para fazer nada de significativo.

A escola portuguesa não precisa de passagens administrativas nem de alunos com 40 horas semanais. Precisa de melhores espaços para os alunos mais carenciados desenvolverem atividades extracurriculares de modo gratuito, orientadas por outros profissionais que não os professores; precisa de reciclar urgentemente os seus professores que ensinam como viram fazer há quarenta anos,  quando não havia computadores, internet, telemóveis nem o conhecimento voava à velocidade da luz. 
A escola portuguesa precisa de aumentar o ritmo de trabalho e não de o diminuir.
 Isso pode fazer-se respeitando o baixo ritmo de aprendizagem de muitos alunos que também têm direito aos seus doze anos de escolaridade obrigatória? Pode. 
Nem todos temos de aprender o mesmo, ao mesmo tempo, segundo o mesmo método. A grande maioria dos alunos pode obter o seu sucesso, evoluindo ao seu ritmo, na escola pública portuguesa, sem passar por favor e adquirindo conhecimentos e ferramentas importantes e úteis. 
O que é preciso é querer dar mais, ser melhor, encontrar boas soluções (que elas existem) e não propor as mesmas enganosas soluções de sempre.
O facilitismo enjoa até aos mais preguiçosos e impreparados.

Gabriel Vilas Boas

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Aeroporto Internacional de Shenzhen Ban'ao, na China


Nas últimas semanas a Europa do futebol e da economia foi sacudida por mais um pequeno tsunami chinês, quando alguns clubes da China desataram a comprar, por somas astronómicas, vários jogadores de topo do futebol europeu. Para os chineses foi mais uma operação normal, como tem acontecido noutras áreas da economia. Hoje chamo a vossa atenção para o aeroporto internacional de Shenzhen Bao’ao. Não pelo culto da sua recente ampliação (734 milhões de euros), mas pela beleza do projeto arquitetónico que a revista Architizer elegeu como o mais belo e interessante de 2014, dentro da categoria dos projetos de aeroportos.

O casal de arquitetos Massimiliano e Doriana Fuksas criou um projeto de ampliação do Aeroporto de Shenzhen – o Terminal 3 – muito bonito e inovador.
O conceito da proposta da Studio Fuksas sugere a imagem de uma raia, um peixe que respira e muda de configuração, podendo transformar-se em pássaro. A ideia destes dois arquitetos foi homenagear a fantasia e emoção de voar.
A estrutura do Terminal 3 – um túnel com 1,5 km – parece moldada pelo vento e recorda os sobejos de uma escultura de formas orgânicas. A silhueta da cobertura apresenta diferentes alturas, pois os arquitetos Fuksas pretendiam aludir ao elemento natural mais presente em qualquer aeroporto: o vento.

Na sugestiva ondulação do teto, Massimiliano e Doriana desenharam um padrão de favos de mel que confere à estrutura do edifício uma dupla face (interna e externa) muito interessante. Através desta dupla “pele” entra a luz natural, que invade os espaços interiores do Terminal 3, produzindo efeitos de luz surpreendentes para os utilizadores deste aeroporto.
Para o revestimento do edifício foram usados metal em forma de alvéolos e painéis de vidro de diferentes tamanhos, os quais podem ser parcialmente abertos se as condições atmosféricas assim o aconselharem.

Os passageiros entram no Terminal pela sua cauda. Desde ai, vão ultrapassando as várias cónicas colunas brancas que suportam a surpreendente cobertura. Enquanto esperam os voos, no piso térreo, podem beber um café, tomar uma refeição, tratar de negócios, numa extensa área de serviços fundamental em qualquer aeroporto.
O saguão é o espaço mais importante deste aeroporto e é constituído por três níveis: um para serviços, outro para partidas e outro para chegadas. Os três níveis intersetam-se numa espécie de cruz vertical, que permite que a luz natural  seja filtrada desde a cobertura até ao piso térreo.

No amplo espaço interior do Terminal 3, os Fuksas plantaram grandes árvores brancas estilizadas, numa clara tentativa de trazer a natureza para o meio do aço, do vidro e da pressa de milhões de pessoas que correm para mais uma viagem de negócios.
Os interiores aeroporto de Shenzhen Ban’ao têm um ar sóbrio, refletindo e multiplicando o padrão de favos de mel da face interna do teto. Uma beleza rara e moderna.

GAVB 

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

UMA AVENTURA NA DISNEY


Nunca fui um grande fã do mundo Disney e por isso não fiquei demasiado entusiasmado, quando as minhas filhas me falaram na possibilidade de passar alguns dias na Disneylândia, em Paris. No entanto, estes foram dias maravilhosos e surpreendentes.
Apesar do vento frio e da ameaça permanente de chuva, o cenário com que cada visitante se depara à entrada dos Parques Disney é deslumbrante e rapidamente abre o sorriso aos milhares de visitantes que diariamente acorrem à maior fábrica de sonhos da Europa.

É impressionante constatar como aquela imensa babel de povos se entende na universal linguagem da brincadeira, dos jogos, do saboroso regresso ao tempo da infância. Ao contrário do que pensava a Disneylândia não é só para as crianças, mas para pessoas de todas as idades que reabrem as portas da sua infância e recordam as histórias, as personagens que os fizeram felizes. As personagens e as histórias criadas por Walt Disney que espelham a vida nas suas diversas facetas. Talvez por isso atraiam tanta gente… A luta entre o bem e o mal, os amores e as paixões, as grandes façanhas dos heróis, os divertidos defeitos de bonecos pelos quais nos apaixonamos instintivamente, a delicadeza e sensibilidade das princesas, a maldade dos vilões.

O público divide-se entre o parque Walt Disney Studio Films e o parque da Disneyland. Neste há quatro zonas temáticas (Fantasyland, Discoveryland, Adventureland, Frontierland). Indubitavelmente, a mais bonita e glamourosa é a Fantasyland, onde as meninas se deliciam com histórias de princesas, dragões, da branca de neve, o labirinto curioso da Alice no País das Maravilhas ou o país do conto de fadas.  Estes e outros divertimentos são enquadrados pelo majestoso, imponente e belíssimo Castelo das Princesas, onde todos os dias, à hora de encerramento do Parque, há um encantador espectáculo de cor, fogo-de-artifício e memória das figuras e histórias mais queridas do mundo Disney: Disney Dreams.   

A meio da tarde é normal decorrer uma parada das principais estrelas da bonecada, num animado cortejo pela mainstreet e que me fez lembrar os cortejos carnavalescos. Por coincidência passou por mim na tarde da terça-feira de Carnaval.
A Discoveryland é o território preferido dos rapazes e adultos. Foi lá que comecei a minha visita ao mundo Disney, numa pequena corrida de automóveis com a minha filha mais nova, na Autopia. Noutra altura desci ao submarino do capitão Nemo, antes de uma interessante batalha no Buzz Ligthear Lazer Blast. A minha pontuação foi tão fraquinha que decidi confortar-me com o lanche e deixar o resto da comitiva na Frontierland, onde pacientemente me esperaram na Panthon Manor, verdadeira casa do terror, ao melhor estilo das fantásticas histórias do americano Edgar Allan Poe. Depois de meio-dia passado na terra dos cowboys, procurei a terra da aventura. Adorei o Castelo dos Piratas, a Casa do Aladino, o jipe do Indiana Jones.

As horas e os dias iam-se sucedendo entre divertimentos, enormes filas de espera e vários quilómetros percorridos de um lado para o outro. Apesar do cansaço, o desejo de aventura, brincadeira era sempre superior.
Milhares de pessoas de todo o mundo a cruzarem-se constantemente, a trocar breve impressões, normalmente em francês ou inglês, espécie de línguas fastpass do entendimento geral. As máquinas fotográficas não paravam de disparar, captando momentos únicos e muitos belos, pois o cenário parecia sempre magnífico para qualquer lado que nos virássemos. É fácil fazer 100/200 fotos por dia, pois as oportunidades não faltam. Como também não falta a extrema gentileza de todo o staf do mundo Disney. Africanos, franceses, asiáticos, americanos – todos eles vindos um pouco de todo o mundo são um exemplo de simpatia, simplicidade, cordialidade, resolvendo problemas, indicando soluções, mas nunca aligeirando as normas de segurança. Por falar em segurança, ela esteja sempre visível, ativa e eficaz, mas jamais foi intimidatória.

Obviamente que a Disney não é só um mundo de contos de fadas, pois a vertente comercial está igualmente omnipresente. Os preços das lembranças são uniformes e adequados ao nível média de vida dos europeus. Um pouco superior ao nível médio dos portugueses é o preço das refeições, especialmente para quem não queira comer sempre fastfood. Senti falta de uma boa refeição portuguesa, mas entendo que a única maneira de alimentar 100 mil pessoas diariamente só possa ser aquela, especialmente quando todos querem eficiência e rapidez.
Para o final ficou a descoberta dos Studios Walt Disney. Perceber como se constroem os efeitos especiais de muitos filmes emblemáticos, entender como se criou o medo e a adrenalina das grandes películas de aventuras, percorrer enternecido a história do cinema no Cinamagique foi altamente compensador, mas a aventura final na Casa do Ratatui ultrapassou o imaginável – foi inesquecível.
Gabriel Vilas Boas

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

PHOTOGRAPH, de Ed Sheeran



Ouvia-a há poucos dias, enquanto conduzia, já noite cerrada, a caminho de casa e apaixonei-me instintivamente por esta “Photograph” de Ed Sheeran. A ideia musical é muito interessante, mas o que realmente brilha nesta música do jovem Sheeran é a letra. Fabulosa.
O começo, então, é altamente inspirador: “loving can hurt /…/But it’s the only thing that I Know /…/ It’s the only thing that can us alive”, e o resto da composição parece pedações de poesia que saboreámos lentamente como se cada verso fosse um bombom único de sensibilidade e amor.
Ed Sheeran cria um novo conceito de fotografia: um pedaço de papel onde transportamos o sorriso que nos faz caminhar sobre as intempéries da vida, a força que nos levanta nas derrotas, a beleza dos nossos melhores sonhos.

Fotografia, esse pedaço de papel que cola memórias dispersas, que nos permite nunca estar sós, que lambe as feridas da nossa alma e suporta amores com o simples poder do olhar.
Para esta canção cheia de ternura, afeto e sensibilidade sonoro, Sheeran escreveu um verdadeiro poema sobre a beleza e poder da fotografia. Explica-nos por que as guardamos nas carteiras, porque as procuramos no facebook, porque nos socorremos delas nos momentos mais nostálgicos em que o chão se transforma num dissimulado mar de dúvidas.
Concentramo-nos naquele sorriso ou naquelas feições, naquele instante que a máquina eternizou e oxigenámos a alma e o coração para mais uns tempos de ausência.

Ouço-a novamente e comove-me a simplicidade tocante com que o jovem cantor e compositor britânico invade os nossos corações. Apetece ouvir novamente, sorvendo os sabores que não captamos numa primeira audição, deixando que as memórias a que esta “Photogragh” alude nos façam verter as doces lágrimas de gente que nos fez imensamente feliz, de gente que nos faz desmesuradamente feliz e da qual só temos uma… photograph

A fotografia que mais amamos não está impressa noutro lugar que não seja no nosso coração. Foi captada algures no tempo, pelos nossos olhos e como uma impressão digital não sai mais!

Gabriel Vilas Boas