Todas as semanas aparece uma queixa nova: o salário que não atualiza há décadas; os alunos que são agressivos e mal-educados; o cansaço físico e psicológico que toma conta da mente e do corpo; os pais que reclamam injustificadamente a nota dos filhos mas recusam responsabilidades perante a sua má educação; O Ministério da Educação que promete melhores condições salariais e de trabalho e depois não cumpre; a modernização do ensino imposta «de cima» sem ouvir os professores, quando estes é que estão no «terreno»....
Os professores entraram numa espiral de queixas e queixinhas, que os degasta imenso, e aumenta a antipatia social de que atualmente gozam. Não é por ser os professores, pois o mesmo aconteceria com qualquer outra classe profissional se assumisse a atual postura da classe docente.
É urgente que os professores mudem de registo, deixando esta infeliz atitude de Calimero, a quem todos devem e ninguém lhes paga.
Os professores têm justas reivindicações, mas não são os únicos e, sobretudo, devem perceber que há um tempo para falar e outro para calar!
Calar não significa desistir ou ceder, mas tão só serenar a mente e encontrar outras estratégias para chegar ao porto pretendido.
No últimos anos, os professores somam derrotas, em vários quadrantes, e algumas eram perfeitamente evitáveis. Quando se perde, a culpa não é sempre da prepotência do adversário ou da sua batota; muitas vezes, cometemos erros e seria bom que soubéssemos fazer autocrítica interna e privada.
Um exemplo: para o bem e para o mal, os professores são representados pelos sindicatos (e dentro destes a Fenprof assume papel principal). Ora, a Fenprof tem, há décadas, a mesma estratégia comunicacional, e esta tem afundado a imagem dos professores, além de não conseguir resultados palpáveis. Não estará na altura de renovar a estrutura diretiva da Fenprof, para que outros professores possam mudar a perceção que a sociedade tem de nós, estabelecendo uma nova estratégia de atuação com o governo, a comunicação social e outras profissões?
Parece-me que sim!
Parar, pensar, mudar!
Acho que a prioridade deve ser valorizar a profissão (não confundir com carreira). Não porque somos melhores que os outros, não porque temos mais razões de queixa, não porque sem nós o mundo não anda, mas porque queremos ser parte ativa numa sociedade moderna, humanizada, tecnológica, artística, com autoestima e que prioriza o conhecimento.
Precisamos de nos concentrar na qualidade daquilo que fazemos, aceitando que a nossa profissão tem espinhos cruéis e rosas belíssimas e perfumadas, como qualquer outra.
O tempo passa, as sociedades transformam-se, algumas evoluem, e se os professores querem assumir um papel de destaque na construção de sociedades mais inteligentes e humanizadas, têm de se deixar de queixume e azedume, de crítica e ceticismo, adotando uma atitude de resiliência, aprendizagem, humildade e ação colaborativa, que tanto recomendam aos seus alunos!
GAVB
- Qual Calimero, qual carapuça?!
ResponderEliminarOs professores têm o direito de se manifestar e de dizer o que lhes vai na alma.
Ainda que queiram ter um papel de destaque e possam ter resiliência,vontade de aprender e colaboração para bem dos alunos, não vão deixar de reclamar aquilo a que acham ter direito. Não se trata de arrogância, de falta de humildade, mas de sentido de justiça.
Concordo com a 1ª parte, mas qd fala de renovar a FENPROF, aí o caso é diferente. Os estatutos estão blindados de tal modo que é totalmente impossível seja a quem for sequer tentar. Logo, renovar a FENPROF está completamente fora de questão. Os detentores da verdade absoluta e do pensamento único nunca se vão modificar.
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