Numa
decisão inédita, mas provavelmente acertada e profilática, um tribunal Francês,
acaba de condenar a três meses de prisão efetiva um pai, por negligenciar
gravemente na alimentação e educação dos seus filhos, um com três anos e outro
com quatro.
Quando
entraram em casa do lamentável progenitor daquelas duas crianças, os serviços
sociais de Limoges deram-se conta que aquela família vivia em condições de
insalubridade e não havia comida no frigorífico.
O pai, um alcoólico violento e já referenciado pelos serviços sociais desde 2016, alimentava os seus dois filhos à base de coca-cola e bolos, apesar de receber apoio financeiro suficiente para alimentar e vestir as crianças de forma adequada. Obviamente o dinheiro era gasto, quase na sua totalidade, em vinho.
As
crianças já foram enviadas para uma família de acolhimento, onde chegaram em estado
deplorável: a mais nova praticamente não fala e a mais velha já tinha perdido
sete dentes devido ao excesso de açúcar ingerido, proveniente dos bolos e
coca-colas em excesso.
A
notícia destaca a inusitada dieta alimentar daquelas duas crianças franceses, a
mim chamou-me à atenção outros pormenores.
Desde
logo a pouquíssima instrução do pai. “Não sabe, ler escrever nem contar”. Com
insuficiências tão básicas como poderia ele saber como alimentar os seus filhos?
Realmente, a educação básica é um bem essencial, sobre o qual se constroem
quase todos os outros.
Outro
pormenor relevante desta notícia é a ausência da mãe. A notícia nada diz sobre
ela, mas a sua ausência naquela família disfuncional ajuda a entender o estado periclitante
a que os seus filhos chegaram.
Mesmo
partindo do princípio que um infortúnio qualquer afastou esta mãe dos seus
filhos, é pouco aceitável que a Segurança Social de Limoges tenha tido a
ousadia de deixar à guarda de um homem permanentemente bêbado e sem qualquer instrução dois crianças de
tão poucos meses. As graves falhas deste pai já acontecem desde 2016, mas só
agora ele ficou impedido de lhes fazer mal.
A pena de prisão pode parecer algo despropositada, mas a mim parece-me certíssima. Três meses na prisão, sem álcool, são o tempo necessário para refletir sobre a vida, as suas responsabilidades enquanto pai, a sua dependência do álcool e a tendência para a violência.
Chamar
a atenção para os bolos e a coca-cola capta leitores e atiça comentários, mas tira
o foco de algo mais importante e grave: a importância da Educação na construção dos alicerces sociais de
qualquer país; a ligeireza com que algumas instituições sociais avaliam as condições
de certos progenitores ascenderem à condição de pais. Parece uma ligação
automática, mas não é.
GAVB
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