BOLSONARO GANHOU EM
DEMOCRACIA, COMO TRUMP E JOSÉ SÓCRATES
Muitos europeus e em especial
os portugueses não conseguem entender como Bolsonaro “ganhou” as eleições presidenciais
brasileiras. Já foram ensaiadas várias teorias, desde a pouca instrução de
grande parte do povo brasileiro (argumento rasteirinho), à influência do Whatsapp,
passando pela falta de segurança nas ruas das principais cidades brasileiras e
acabando no inevitável ódio à corrupção personificado no PT de Haddad.
Os brasileiros sabem quem é
Bolsonaro e como ele pensa e promete agir. Mesmo assim ou, se calhar, por causa
disso, quiseram votar nele. Sim, no Bolsonaro que ia (vai) atirar na “pretalhada”
ou perseguir os homossexuais, no Bolsonaro que vai dar livre trânsito à polícia
militar.
Bolsonaro promete trazer segurança, venha ela da maneira que vier, e
melhoria económica, seja ela conseguida à custa de direitos sociais ou
laborais. Isso contou pouco, para os brasileiros. Não me digam que eles não
sabem ao que vão, porque sabem.
Bolsonaro é eleito com o voto de dezenas de
milões de brasileiros, muitos deles bastante informados e letrados. Se
contassem os votos dos brasileiros que vivem fora do Brasil, Bolsonaro já tinha
sido eleito à primeira volta.
A corrupção não vai acabar,
pois ela é um fenómeno cultural que criou raízes ao longo de séculos e não é
uma prioridade para Bolsonaro, mas o PT vai penar amargamente tantos anos de
desmandos e soberba.
Os brasileiros “encheram o
saco” e deixaram de importar com os factos ou ameaças de retrocesso na liberdade
de expressão e na igualdade entre todos; hoje, eles votaram por convicção, tal
como os americanos com Trump, os portugueses com José Sócrates ou os italianos
com Conte e Salvini. Neste particular,
nenhum povo dá lições ao outro.
O que estas escolhas demonstram, quanto a mim, é a prevalência do pior do ser humano, quando os problemas
apertam. Apesar de todo o conhecimento, de toda a evolução social e política
desde finais do século XVIII, com os ideais da Revolução Francesa, parece que
regressamos ciclicamente ao homo homini lupus est (O Homem é o lobo do próprio Homem).
É esse
eterno regresso ao básico instinto que me deixa triste. Os problemas são cíclicos,
mas as soluções têm de ser mais astuciosas por parte de quem decide, ou seja,
os milhões e milhões de eleitores que ganharam o direito a votar, a ler, a
escrever, a dizer o que pensam, a decidir o seu destino, mas, muitas vezes, abdicam de todos esses direitos em favor do “homem providencial”, que na verdade
não existe.
Uns anos em democracia e já nos cansámos da trabalheira que isto dá?
GAVB
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