Como é
difícil condenar um ato vil naqueles que aprendemos a admirar. Pomos em causa a
veracidade da notícia, a idoneidade do mensageiro ou até a credibilidade do
acusador, por mais flagrante que seja a culpa do herói. Fomos realmente capturados
pelo hipócrita mundo da imagem.
Já não
nos interessa a verdade. Apostamos tudo em fazer vingar a narrativa e as
personagens pelos quais nos apaixonamos. E com fazemos figuras risíveis.
A
hipocrisia já não incomoda o espírito e acho mesmo que se tornou numa espécie
de perfume doce e mortífero que nos alimenta e destrói a vida.
É angustiante
verificar como somos absolutamente parciais com aqueles que amamos e com
aqueles que odiamos. Talvez não sejam precisos até sentimentos tão intensos… A
miopia pode surgir perante uma simples antipatia ou irracional antipatia.
Há uns
anos, era normal encontrar várias pessoas que se coibiam de comentar as ações
daqueles com quem tinham divergências claras e públicas; hoje assiste-se a um
ataque despudorado, ignóbil entre «gente que não se grama», como se o
espectador não visse a motivação.
A
mesma tendência se verifica com aqueles por quem nutrimos algum tipo de afeto,
admiração ou simpatia. O crime tem sempre uma explicação e o criminoso atenuantes
ponderosas.
Precisamos
de nos libertar deste vírus sonso e vaidoso, que se chama hipocrisia, e
aprender a lidar com os falhanços daqueles que amamos como com as vitórias dos
nossos “ódios de estimação”.
Ter
respeito pela verdade é o primeiro passo para voltar a ter respeito por nós.
GAVB
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