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domingo, 6 de dezembro de 2020

DIGNIDADE SELETIVA

 


Este tema foi levantado, no início desta semana, pelo ministro francês da administração interna, Gerald Darmanin, quando atacou dois dos mais importantes jogadores da seleção gaulesa de futebol - Antoine Griezmann (Barcelona) e Kylian Mbappé (Paris Saint-Germain) por terem condenado veementemente (e bem) a  violenta ação da polícia francesa na prisão de um produtor musical negro e terem-se feito esquecidos quando 98 polícias ficaram feridos, ao tentar controlar um manifestação contra a nova lei de segurança, que o governo quer implementar.

O Racismo é a discriminação baseada na cor e não na cor negra. É tão digno um produtor musical negro como um polícia branco. E depois há a lei a ordem, que é preciso respeitar, mesmo que não concordemos com ela, até porque está assegurado o direito ao protesto, mas não à violência nem à dignidade seletiva.

Num país democrático até as leis são revertíveis, basta elegermos alguém que esteja disposto a isso. A violência é má. Não tem "mas", porque tem alternativa. A dignidade do ser humano é um bem absoluto. Não há dignidade negra nem branca ou amarela. Muito menos dignidade famosa ou anónima, rica ou pobre.

A maior tristeza que este Tempo me causa é a tendência para tomarmos atitudes cívicas ou públicas tendo como principal objetivo sermos notados, participarmos numa espécie de eleição de gente cool, preocupada, digna e decente. 

Não há mal nenhum em que a nossa posição seja pública, o que é perverso e egoísta é fazê-lo porque fica bem, porque queremos tirar dividendos disso. Seria bom que fosse público, quando fosse difícil de assumir para nós, e privado, quando a bendita da nossa imagem pudesse retirar disso qualquer benefício.

Esta preocupação com a imagem está a matar uma geração e um tempo tão capaz e tão inteligente, que dá pena ver tanta boa vontade e altruísmo cair aos pés da eterna vaidade.

Como diria Al Pacino no imortal "Advogado do Diabo", 

A Vaidade é o meu defeito predileto. 

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