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quinta-feira, 17 de dezembro de 2020

OS ALUNOS TAMBÉM PROTESTAM, MAS AGORA NINGUÉM QUER SABER DO "SUPERIOR INTERESSE DOS ALUNOS"

 

Se os alunos não têm professores para vigiar os seus exames, porque os professores ameaçam com um greve, o país empertiga-se, os políticos revelam-se autoritários, os pais indignam-se, que não pode ser. no entanto, se os alunos não tem aulas porque deixou de haver quem os queira ensinar, os jornais não se interessam, os políticos nem param para olhar e os encarregados de educação não querem saber.

Onde pára o famoso líder das associações de pais, quando passam quatro meses desde que o ano letivo começou e há milhares de alunos sem aulas? Não quer saber. Provavelmente já nem tem filhos a estudar, nem nunca os teve numa escola pública. Quer lá ele saber dos pobres coitados, que nunca aparecerão na televisão nem lhe darão audiências. Essa coisa dos "superiores interesses do alunos" era apenas para alguns que já tinham interesses muitos superiores ao comum dos alunos. 

Hoje um grupo de alunos do ensino secundário protestou, em Lisboa, em frente ao Ministério da Educação por mais professores, melhores infraestruturas e direito a associação. 

Alunos protestam em lisboa contra o Ministério da Educação

E quem lhes ligou alguma coisa? Um jornal, numa notícia perdida entre tantas outras. Porque apesar de estar prometida uma chuva de dinheiro para 2021, as escolas não são nenhuma TAP, os professores são acessórios para a educação dos jovens e o direito a associação só é posível para quem é militante do PCP.

O título da notícia é curioso "Alunos pedem mais condições", como se tivessem algumas, sem professores, sem aulas, sem salas condignas.

Os alunos, tal como os porfessores e os auxiliares da ação educativa não têm interesse nenhum para quem governa ou faz notícia, a não ser que dê audiência, votos ou influência. 

Quatro meses passados desde do início do ano letivo, ou seja, 40% das aulas do ano cumprido, quem quer saber das matérias por lecionar ou das aprendizagens por fazer? Quase ninguém! Entretanto, se tivesse havido a possiblidade das escolas escolherem, para determinadas turmas, aulas não presenciais, muito deste problema seria mitigado, mas isso da Educação é assunto que não interessa debater.

Ontem, numa reunião online com professores e alunos romenos, austriacos, gregos, bulgaros e italianos, no âmbito do Projeto Erasmus +, reparei que apenas os alunos portugueses não estavam em casa, a ter aulas online. Portugal está com o número de mortos e de novos casos de Covid-19 / Dia que todos nós sabemos, mas na Educação está tudo bem, porque em muitas escolas já nem se faz a contabilidade dos alunos que testaram positivo, nem dos que estão em isolamento em casa.

Até morrer um aluno, o que se passa nas escolas com o Covid 19, com as reuniões presenciais sem sentido, com a opacidade dos números da pandemia não é assunto. 

No caso do ucraniano assassinado pelo SEF demorou nove meses. Nas escolas quanto irá demorar? Pouco importa, enquanto não morrer nenhum aluno em combate, não haverá debate, porque quanto a "profes", esses morrem todos os dias, sobretudo porque são velhinhos, coitados. 

GAVB


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