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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

MARCELO DIZ QUE É O MESMO. E OS PORTUGUESES QUEREM O MESMO TIPO DE PRESIDENTE?


    
    Finalmente Marcelo Rebelo de Sousa apresentou a sua recandidatura à presidência da república. Esta era uma ação esperada assim como é esperado que Marcelo precise de fazer pouca campanha para ser reeleito. 

    Marcelo é o melhor que Portugal podia ter, no momento em que vive, ou é simplesmente o melhor dos candidatos? 

Acho que para responder a essa pergunta é preciso fazer um balanço do que foi o 1.º mandato de Marcelo Rebelo de Sousa. 

Que nota daria o prof. Marcelo ao presidente Marcelo?

Marcelo aproximou muitíssimo o Presidente da população. Porventura até demasiado, de maneira que em certos momentos pareceu mais popularucho do que popular. E quando se apercebeu disso, algum do encanto já se tinha desvanecido. No início do seu mandato, Marcelo criou a ilusão que finalmente a magistratura de influência do Presidente ia ser suficientemente forte para fazer diferente: os mais desprotegidos iam ter o seu conforto mínimo garantido, os sem-abrigo desapareceriam, as desigualdades gritantes seriam atenuadas, os mais velhos ganhariam o respeito e a consideração da sociedade. Não foi bem isso que aconteceu.

 

Marcelo cooperou com o governo, mas não trouxe à governação socialista o toque de Midas que ele esperava, por que há problemas estruturais que demoram anos a resolver e sobretudo exigem gente capaz de medidas corajosas. E estas duas premissas não estão garantidas com o governo de António Costa.

    Muitas das intenções de Marcelo ficaram-se apenas por intenções e houve momentos de fracasso claro. Marcelo quis estar próximo do governo, assumindo uma espécie de governação em co-autoria, por isso são também dele o fracasso na maneira como foi gerida a resposta aos grandes incêndios de 2017 e o alastrar da pandemia da COVID-19, no Outono de 2020. 

    O Presidente não foi enérgico, determinado e exigente com o governo como devia. Preferia marcar posição em Tancos, que teve muito mais de anedótico do que de grave.

Ao recandidatar-se, Marcelo disse fazê-lo por três razões:

"Porque temos uma pandemia a enfrentar. Porque temos uma crise económica e social para vencer. Porque temos uma oportunidade única de, para além de vencer a crise, mudar para melhor Portugal, na economia, mas sobretudo, no nosso dia a dia, reforçando a nossa coesão social e territorial."

    Ao ler isto, pensei que Marcelo se estava a candidatar a governo e não a presidente. Não é ele que governará e por isso seria interessante que Marcelo dissesse como pretende ajudar a governar melhor, ou seja, que grau de exigência terá com o futuro governo, que até pode ser uma geringonça de Direita. 

Para já deu um bom sinal, ao vetar a lei da contratação pública, mas o seu veto parece quase um não-assunto. É pena, porque mexe com muito dinheiro e mostra que Marcelo não acha bem o modo como o PS pretende aligeirar os procedimentos de controle de compras públicas do Estado.

De resto, Marcelo utilizou os clássicos chavões de qualquer candidatura presidencial ou não:

"combater a pobreza e a exclusão, promovendo o emprego, com investimento, crescimento e melhor distribuição de riqueza".

O que o povo espera de um presidente que acaba mandato é um pouco mais. É que lhe explique o que falhou em cinco anos de presidência para que estes assuntos continuem a ser tema de campanha. Ou houve falhanço ou estes não são assuntos da sua competência.

Gabriel Vilas Boas

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