É obviamente uma frase forte, que atinge cada português, mas tem justificação na dor de uma mulher que viu o seu marido ser assassinado [não encontro outro termo que defina melhor o que aconteceu há nove meses] numa sala do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, em Lisboa.
Lhor Homenyuk era um homem como tantos outros que tentam obter autorização para entrar. Não era um criminoso, um assassino, um terrorista. Isolado, algemado, agredido, Lhor teve uma morte lenta e agonizante, como refere o relatório da autópsia.
Nove meses volvidos, as autoridades portuguesas, com o Presidente da República à cabeça, começam a acordar para a gravidade da situação. Só agora Marcelo descobrir que "se há um pecado mortal do sistema, este SEF não serve".
Caro Marcelo, não há um pecado mortal do sistema, mas houve um crime! Cometido por inspetores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras contra um cidadão estrangeiro, sem qualquer justificação.
Nove meses para apurar factos e responsabilidades daquilo que parece óbvio? Muita paciência tem tido o governo ucraniano com as autoridades portuguesas, que, a cada dia que passa, mais se enterram numa culpa fatal.
Claro que agora, passados nove meses sem os culpados condenados, a culpa é de quem dirige, governa e preside. Não só a diretora do SEF, mas também o ministro da administração interna, Eduardo Cabrita, e de quem o mantém [António Costa] porque esta mancha sobre o nome de Portugal é cada vez mais negra e profunda; e de quem não percebeu que o nome do país chafurdava na lama da xenofobia e da violência policial, aos olhos incrédulos dos cidadãos nacionais e estrangeiros - Marcelo Rebelo de Sousa.
Em vez de discutir quem tem mais culpa, cabe ao Presidente pegar na esfregona e começar a limpar a porcaria. Se começar por cima, ou seja, no ministro, é certo que rapidamente se chegará à condenação dos autores materiais.
É cortante ter de entender as razões de quem rasga o silêncio da dor com este "Fiquei com tanto ódio a Portugal".
Gabriel Vilas Boas
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