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terça-feira, 6 de novembro de 2018

TRAGÉDIA NO DOURO


Para os portuenses, a mais sinistra das invasões francesas foi a segunda, a de 1809, quando o começo da Primavera trouxe o terrível general Soult ao norte de Portugal, para, no espaço de duas semanas, tomar posse de uma parte significativa de um reino desordenado e indefeso.

Napoleão estava ávido de vingança, depois da humilhação sofrida em 1908, e por isso trouxe as tropas até Madrid e encarregou o Soult de arrasar o norte de Portugal. Chaves foi uma porta fácil de arrombar e Braga rendeu-se sem grande luta, o que muito enfureceu a população, que logo tratou de assassinar o seu fraco defensor, à paulada.

O Porto também não resistiu mais de três noites. A 29 de Março de 1808 a multidão desodenada tentou correr sobre as águas do Douro, tendo as famosas barcas como tapete salvador. Obviamente o frágil chão cedeu e vários alçapões se abriram naquelas centenas de metros que separam as margens do rio Douro. Para muitos milhares de portuenses, aquela foi a sua última noite. O povo falou em vinte mil mortos, mas relatos menos emotivos apontam para quatro mil portuenses que deixaram as suas vidas no Rio Douro. Acossados pelos franceses, pelas costas, os fugitivos empurraram-se a ânsia de alcançarem a outra margem, acabando, muitos deles por cair à água e afogarem-se na forte corrente que o rio trazia. 

A cidade chorou amargamente aquela desastre, mas Soult não ficou muito tempo a saborear a vitória. Mês e meio mais tarde, já o general Wellesley cruzava o Douro, vindo de Gaia, e obrigava o fanfarrão Soult a fugir, com o rabinho entre as pernas, para a Galiza. 

Os franceses ficaram pouco tempo na cidade e no país, mas o suficente para espalhar o horror e a destruição. O povo que tinha feio a revolução da "liberdade, igualdade e fraternidade" mostrava-se boçal, carniceiro, não respeitando tradições, pessoas, património. 

Para o Porto ficava aquela mancha histórica e social, que o tinha feito prder em toda a linha: as pessoas, os bens e o orgulho. 

GAVB 

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