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domingo, 25 de novembro de 2018

NEM SEMPRE A HISTÓRIA SE FAZ DE VERDADE


Ontem, no Jornal de Notícias, o professor João Baptista Magalhães escrevia sobre o ensino da História, acerca uma polémica de todos os tempos, e que nos últimos meses se voltou a reacender, a prepósito dos Descobrimentos portugueses.
Muito interessante contributo e em cuja opinião me revejo, por completo.

«Ainda frequentava o ensino, quando me chegou um livro que acusava os portugueses de chamar descobrimentos à sua pirataria. Escandalizou-me a questão, mas depois li que Américo Vespúcio (1451-1512), um navegador que dera às terras do Novo Mundo o nome de América, entregou documentos ao rei D. Manuel de Portugal sobre as terras por onde passou e que mais tarde foram reivindicadas como descobertas dos portugueses, mas o rei mandou esconder e, possivelmente, destruir, esses documentos. Mais tarde li "O paraíso destruído", de Bartolomeu de Las Casas (1474 -1566), onde denunciou as cruéis atrocidades, dos chamados descobridores, contra os índios. 

Foi, então, para mim, claro que na História há sempre muitas histórias e, na luta da memória contra o esquecimento, nem todas as coisas do passado são verdade e outras são inventadas para enaltecer regimes e esconder crueldades... 

O espírito da História tem-se construído pela glorificação dos heróis, bravura dos generais, proeminência das batalhas, deslumbramento dos reis, imperadores ou governantes, por tudo o que enaltece a superioridade da força, da coragem, da raça e, sobretudo, do dinheiro. Mas a História não é o piloto de uma viagem dos poderosos, o sinaleiro da vida ao serviço da glorificação, mas o espelho das grandezas e das misérias da alma de um povo, do seu modo de ver, sentir e amar, das suas tristezas e sofrimentos, mas também das suas crueldades. E destas pouco reza a História que aprendemos, mas a História também deve ser um espaço de reflexão sobre o hediondo e não só o inventário de "glórias". 

A verdade andou sempre ligada à justiça e fez o prestígio de quem a anuncia, e, por isso, apoiamos a iniciativa do Conselho Europeu, aconselhando Portugal a repensar a narrativa dos livros de História, para que o que há de mais humano no Homem seja sempre relevante e não a glória das conveniências ou das malfeitorias
João Baptista Magalhães

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