Etiquetas

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

O CRIME AMBIENTAL COMPENSA PORQUE A JUSTIÇA É BRANDA?



Entendo perfeitamente a angústia do ministro do Ambiente português, João Pedro Matos Fernandes, quando percebe a acusação velada no olhar das vítimas das cheias dos últimos dias. Também ele sabe que boa parte dos estragos poderiam ter sido evitados se o Ambiente não fosse o filho bastardo da governação. Por isso, resolveu trazer debate uma questão pertinente: a insensibilidade da justiça portuguesa para os crimes ambientais. 

O ministro dá um exemplo concreto, sem citar nomes: «O Ministério Público está cada vez mais atento à relevância e à gravidade dos crimes e contraordenações ambientais, mas a magistratura judicial transforma, às vezes, uma multa de 72 mil euros em contribuições de 300 euros para os bombeiros locais.»


Se isto não for um caso isolado, mas uma prática corrente, diria que anda a magistratura portuguesa a convidar ao crime ecológico. Também já tinha tido esta impressão, aquando da contaminação do Tejo, por uma empresa do patrão do Correio da Manhã. Curiosamente, o jornal mais dado a notícias sensacionalistas nunca se interessou por crimes ambientais. A maioria dos portugueses também lhe passa ao lado e, talvez por isso, só haja revolta quando morrem pessoas nos incêndios ou as águas das cheias dos rios desalojam aldeias inteiras.

O crime ambiental é o que mais compensa porque a população portuguesa não tem muita sensibilidade para ele. Como se a natureza tudo pudesse aguentar ou absorver. Não pode!
A população portuguesa precisa de olhar para a natureza que a rodeia como se do seu próprio corpo se tratasse. Todas as agressões feitas ao ambiente se repercutirão em cada um de nós.
Em vez de dizermos piadas obscenas sobre a Greta Thunberg ou tentarmos apoucar os seus esforços, devíamos concentrar-nos a melhorar bastante a nossa prática ambiental.
GAVB

Sem comentários:

Enviar um comentário