Joice Hasselmann, deputada federal do PSL[Partido Social Liberal], a mulher mais votada para a Câmara dos
deputados na história do Brasil, ex.- aliada política de Bolsonaro, foi à
comissão parlamentar mista de inquérito sobre as fake news e abriu o saco, denunciando um grupo difusor
de notícias falsas com ligações ao presidente e funcionado no palácio do Planalto
[residência oficial do presidente do Brasil] .
A
deputado confirmou a existência de um grupo conhecido como o «Gabinete do
ódio», cujos mentores seriam os dois filhos do presidente brasileiro.
O
grupo terá difundido e produzido notícias falsas na internet, atuando com uma
estratégia bem definida e organizada. Joice explicou método: "escolhe-se um alvo,
combina-se um ataque e há, inclusive, um calendário de quem ataca e quando esse
alvo está escolhido, entram as pessoas e os robots. É por isso que numa questão
de minutos temos uma informação espalhada pelo Brasil inteiro."
Zangam-se
as comadres, descobrem-se as verdades! Meia verdade que seja! Há casos em que a zanga das comadres traz ganhos evidentes à comunidade. É claro que a deputada
federal, até anteontem aliada do presidente, o qual, há dias, se desfiliou do
PSL, sobre qual bandeira concorrera, está envolvida em conflito político com o
clã Bolsonaro, e foi ela própria vítima de ciberbullying por parte de Eduardo,
filho de Jair Bolsonaro.
Qualquer
deles terá dado pouca atenção ao aviso de Millôr Fernandes, de que «não devemos
odiar com fins lucrativos, porque o ódio perde a sua pureza.»
«Não
há nada mais tenaz que um bom ódio!», proclamava, entretanto, o grande Machado
de Assis.
Mas o primeiro presidente da Academia brasileira de Letras, neto de
escravos, não participaria em qualquer Gabinete de ódio para a
construção de notícias falsas.
Do mesmo modo, Bolsonaro, se tivesse vivido cem
anos antes, não teria sido acolhido na “Sociedade Petalógica”, organizada por
um jornalista e tipógrafo, em cuja livraria se vendia de tudo, incluindo chás e
parafusos.
O lugar era frequentado pelo futuro autor de “Quintas Borba” e “Dom
Casmurro”, que também participava na criação de patranhas.
O método da intelectualidade do Rio de Janeiro,
há época, reunida, com frequência, na livraria do tipógrafo Francisco Paula
Brito, era o de no convívio de personalidades da classe letrada e não-letrada
promover uma mais estreita observação da Mentira e a sua demolição.
O objetivo
dos membros da Sociedade Petalógica era o de, criando patranhas, desprestigiar
os mentirosos, os produtores de fake news da época. Afinal, eles antecipavam,
com outro garbo, é certo, … as comissões de inquérito.
Fernando Alves Guerra, Sinais, TSF, 5-12-2019
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