Depois de tantas e tantas conquistas, feitas de modo categórico, Biles chegou aos jogos olímpicos de Tóquio 2020 (2021) e decidiu desistir da final de All-around (final individual) e da prova por equipas, por não se sentir bem mentalmente.
Não é de todo normal uma atleta de alta competição tomar uma atitude desta magnitude, o que não quer dizer que não haja vários atletas a enfrentar graves psicológicos e físicos, enquanto disputam grandes competições, mas que decidem esconder, por vergonha, pressão exterior, por sentir que a hipótese de uma medalha, um diploma, uma participação honrosa valem todos os sacrifícios, por mito dolorosos que sejam.
N verdade não valem. E Simone Biles aproveitou os seus últimos momentos de fama mediática para chamar atenção para o problema, fazendo-se, também aqui, um exemplo a seguir.
Diz Biles:
«Assim que piso o praticável, sou e e a minha cabeça a lidarmos com demónios. (...) Tenho de fazer o que é melhor para mim e focar-me na minha sanidade mental e não comprometer a minha saúde e o meu bem-estar.»
A clareza de Simone Biles é uma lição que devemos aprender. Treinadores, dirigentes desportivos, apreciadores de desporto ou meros cidadãos que admiram orgulhosamente os melhores atletas de cada modalidade. Por muito talento e capacidade física, desportiva e psicológica que eles possam ter, são antes de mais pessoas. Há limites que nunca devem ser ultrapassados, ainda que tal seja possível. Admiramos as suas performances porque elas são feitas por PESSOAS, não por máquinas. Cada pessoa tem direito a definir os seus limites e ninguém tem o direito a pedir-lhe que os ultrapasse por causa de uma medalha, um título, um honra, pois esta será sempre efémera e sobretudo de muito menor valor que a saúde e a dignidade pessoal do atleta.
No seu Twitter, Biles resumiu o essencial.
«A onda de amor e o apoio que recebi fizeram-me perceber que sou mais do que as minhas conquistas e de que a ginástica, o que nunca verdadeiramente acreditei antes.»
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