Desde os seus primórdios que a humanidade procurou controlar todos os aspetos da sua vida, e a sexualidade nunca foi exceção. Embora houvesse métodos contracetivos, utilizando curvas, por exemplo, só no século XX irá surgir o método contracetivo por excelência, tão eficaz que a sua comercialização levou a uma revolução: pela primeira vez as mulheres passavam a ter o controlo da sua sexualidade e, por inerência, da sua vida.
Pode-se traçar a origem da pílula no ano de 1951, quando Margaret Sanger e Gregory Pincus se encontraram, e Margaret convence Pincus a criar um medicamento contracetivo. Margaret Sanger era uma defensora dos direitos das mulheres, uma percursora dos planos de «controlo da natalidade», já Gregory Pincus era uma endocrinologista com créditos firmados.
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John Rock - Margaret Sanger - KhaterineMcCormick |
No mesmo ano, Carl Djarassi, químico a exercer na cidade do México, sintetiza e cria a contraceção química, mas não tem meios para a produzir e comercializar. Quanto a Pincus, no ano seguinte, 1952, conjuga esforços com John Rock, ginecologista, para começar a testar a pilula em seres humanos. Os testes começaram em 1954, financiados por Khaterine McCormick, milionária, bióloga e ativista, e o resultado é definitivo: a pílula funciona. Dois anos depois, são conduzidos testes em larga escala em Porto Rico, onde as leis anticontracetivas eram mais frouxas. Apesar dos muitos efeitos secundários registados a pílula continuava a funcionar.
Inventada que estava a pílula, havia então que a aprovar para comercialização, o que se revelaria moroso, pois trata-se de um medicamento revolucionário. A primeira aprovação dá-se em 1957, mas apenas para tratamento de dores menstruais; o seu uso para fins contracetivos teve de esperar por 1960. O Enovid foi aprovado nos EUA pela Food and Drug Administration (FDA), e, a partir daí, o êxito foi estrondoso: ao fim de dois anos já 1,2 milões de americanas tomavam a pílula; um ano depois já eram 2,3 milhões. Em 1965, eram 6,5 milhões. No entanto, a par do êxito, veio também a polémica: em vários estados norte-americanos, a pílula foi ilegalizada, o papa condenou-a. Contudo, e apesar das vozes contrárias, a pílula instalara-se, e o seu uso generalizou-se com os anos.
Na minha opinião, a pílula constituiu-se como um elementos fundamental da emancipação das mulheres, permitindo o seu acesso ao emprego em igualdade de circunstância com o homem. A pílula contribui de maneira decisiva para a criação de uma sociedade mais justa.
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