«Non Fare il Portoghese» é uma expressão italiana que quer dizer "Não seja português", e que para os italianos quer dizer "não queiras beneficiar de algo a que não tens direito", sugerindo que os portugueses seriam um povo dado a burlas e as esquemas manhosos.
No entanto este preconceito italiano contra os portugueses é totalmente injusto e radica numa distorção dos factos. No início século XVI (março de 1514), o rei português, D. Manuel I, enviou a Roma uma luxuosa embaixada, para homenagear o recém-eleito papa, Leão X. Especiarias, ouro, pérolas, madeiras, pedras preciosas, animais exóticos nunca vistos na europa... Portugal queria demonstrar na capital da cristandade o seu apogeu económico.
Como reconhecimento dessa sumptuosa oferta, o papa decretou que os portugueses tivessem entrada livre em todos os espetáculos realizados em Roma, bastando para tal invocar a sua condição de portugueses.
Com o passar do tempo, os italianos esqueceram a origem desta distinção e passaram a olhar os portugueses depreciativamente como um povo que queria assistir a algo sem pagar. Muitas vezes associando a isso uma ideia de pobreza. No fundo, os portugueses eram pobres, pouco honrados e desonestos, quando a origem de tal privilégio fora exatamente o contrário.
Com o passar dos séculos, e sabendo desta faculdade, não só os portugueses como pessoas de outras nacionalidades (até italianos) tentavam entrar em alguns espetáculos, em Roma, invocando falsamente a condição de portugueses. Isso contribuiu muitíssimo para a má fama lusitana em Roma. Caloteiros, dissimulados, pobretanas.
Atualmente, a expressão caiu um desuso, mas não há romano ou italiano que não a conheça, na versão... errónea e preconceituosa.
Os portugueses não são tão ricos e poderosos como o foram no século XVI, mas continuam honrados como sempre. Se entram de graça em algum lugar é porque conquistaram esse direito, por via de algo extraordinário ou generoso que fizeram. Conhecer a História dos povos é também desmistificar preconceitos, que muitas vezes estão na origem do desprestígios injusto de muitos povos.
Gabriel Vilas Boas
Sem comentários:
Enviar um comentário