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sábado, 2 de janeiro de 2021

DONA LEONOR TELES, A PRIMEIRA NÓDOA NEGRA NA HISTÓRIA DE PORTUGAL


Le
onor Teles é provavelmente a rainha mais odiosa da História de Portugal. Os portugueses quase sempre a detestaram e tiveram boas razões para isso. 

Leonor Teles fartou-se de trair o marido, de o deixar mal perante o seu povo, acabando por se mostrar uma mulher vingativa e despeitada. 
Desde começo que a amada de D. Fernando não gozava de grande reputação entre os portugueses e a maneira como se une ao rei, num casamento quase às escondidas, deixa um indício claro como o casal real tinha a perfeita noção que o enlace não era abençoado pelos súbditos. 

A má impressão que Leonor sempre causou ao povo veio a confirmar-se aquando da morte do marido, pois a rainha com muita sorte tomou, interinamente, o comando da nação e não se coibiu de assumir publicamente anos de adultério com o conde galego João Fernandes Andeiro. 

Aquela traição ao marido era uma traição à pátria e foi assim que a população a sentiu, por isso matar o amante reles da rainha era um ponto de honra. 

Foi nesse momento que todos os maus sentimentos da aleivosa transbordaram. Ela pediu ao genro, o rei de Castela, que invadisse território português e tornasse Portugal uma joia da coroa castelhana. 

A crise de 1383-85 havia de terminar, como todos o sabemos, com uma extraordinária e memorável vitória portuguesa ao quadrado, sobre Castela, em Aljubarrota, assinalando um dos momentos de maior orgulho nacional, ao longo da História de Portugal. 

Apesar de a História se escrever primordialmente de heróis, como o foram os bastardos Nuno Álvares Pereira e o Mestre de Avis (futuro D. João I), é importante vincar que esse heroísmo começou na fraqueza de um rei e na vilania de uma mulher sem escrúpulos, honra e dignidade. Uma verdadeira vilã da História de Portugal, que fez perigar, em dois anos, dois séculos de suada independência face a um vizinho incómodo. 

Leonor Teles foi a primeira nódoa negra na história da realeza portuguesa, mas não serviu de lição, porque duzentos anos mais tarde, Portugal havia de perder mesmo a independência, num longo inverno de humilhações e delapidações que nunca mais nos deixaram ser verdadeiramente grandes.

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