De facto, um idiota é muito útil à nossa preguiça cívica, porque nos salva da culpa da estagnação. Um idiota diz o óbvio, faz o óbvio, pensa o óbvio. É fácil concordar com ele, pois ele faz-nos ruminar o tempo na ilusão de o estar a saborear. Quando um idiota nos cansa, trocamo-lo por outro.
Por que gostamos de idiotas? Por MEDO. Medo de questionar, medo do desconhecido, medo de perder a posição social, medo que alguém nos supere... Medo, medo, medo...
A inteligência é dinâmica e coloca-nos em permanente dúvida e desafio. Também cria diversidade (não necessariamente discórdia) e obriga-nos a aceitar o outro na sua diferença. Impõe-nos a hipótese de não termos razão. Exige que nunca paremos de aprender. Impele-nos a encontrar soluções, incorporando saberes de diferentes gerações, e, sobretudo, força-nos a partilhar o poder.
Ao escolhermos um idiota, ficamos a salvo disto tudo. O nosso mundinho permanece calmo, pacífico e organizado, mas profundamente ignorante e aborrecido. Um idiota é a desculpa perfeitamente idiota para não assumirmos a nossa condição de seres pensantes e atuantes.
Gostarmos de idiotas é das coisas mais idiotas e cobardes que fazemos.
Gabriel Vilas Boas
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