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sexta-feira, 20 de maio de 2016

CONNETING OR DISCONNECTING PEOPLE?

«Não posso crer! Não tenho rede!» «O quê? Aqui não há wi-fi? Que desgraça!»
Não estar permanentemente «ligado à net» tornou-se uma angústia difícil de disfarçar para milhões de pessoas em todo o mundo. Como um viciado que não consegue ocultar por muito tempo a ausência da dose certa da sua droga de eleição, consultamos o visor do telemóvel vezes sem conta à procura de uma qualquer novidade nas redes sociais, no feed noticioso de um jornal, no email privado, como se aquela informação fosse vital para respirarmos.
Esta permanente necessidade de estar conectado ao mundo virtual é de tal modo evidente que se tornou obsessiva, mas poucas vezes damos conta do estado a que chegamos.

Por quê esta necessidade? A necessidade não existe! O que se passa é que fomos apanhados na rede e não demos conta que nos tornámos dependentes deste frenesim diário de coscuvilhice global, para iludir o vazio que nos consome a alma.
Procuramos avidamente na net qualquer coisa que nos entretenha, porque sentimos o peso da solidão. Buscamos pessoas e as suas histórias; queremos desabafar, encontrar alguém que nos ouça, que nos apoie, mas temos imenso medo do contraditório que a simples presença do outro podia trazer.

Queremos chegar, ver sem ser visto, desabafar sem ter que ouvir o outro, partir quando nos apetece sem ter que ser descortês, receber sem ter nenhuma obrigação de dar. 
No mundo maravilhoso da net tudo isto é possível, mas não é real. Todos aqueles “likes”, “smiles”, comentários elogiosos são pouco fiáveis e nós sabemos bem disso. Preenchem-nos apenas no instante em que deles usufruímos e extinguem-se de seguida. Rapidamente regressamos ao vazio e ao estado de necessidade.
Por outro lado, à medida que vamos conectando a nossa vida social virtual, vamos desconectando o nosso círculo real de amigos. Custa-nos imenso encontrar uma oportunidade para conversarmos sem hora marcada, abordar alegrias e tristezas sem rodeios, apreciar e criticar sem receio.
A net é uma rede fantástica que permite inúmeras possibilidades de ampliares conhecimentos, angariares conforto, estabeleceres contacto. Se não te souberes servir dela, ela servir-se-á de ti.

Gabriel Vilas Boas

quinta-feira, 19 de maio de 2016

A EXECUÇÃO DE ANA BOLENA, 1536


Em 1536, ANA BOLENA, a rainha consorte de Henrique VIII e mãe da futura rainha Isabel I, tinha sido julgada e declarada culpada de cometer adultério com um músico, Mark Semeaton, e um palafreneiro, Henry Norris, e de manter relações incestuosas com o irmão, George, visconde de Rockford. Em devido tempo, outros nomes foram acrescentados à lista das supostas ligações adúlteras.
Ana foi julgada e considerada culpada a 15 de maio, num julgamento presidido pelo seu tio, Thomas Howard, conde de Norfolk; os seus alegados amantes foram executados dois dias depois.
Após a anulação do seu casamento, Ana foi executada em 19 de maio, com uma espada especial e um carrasco que Henrique VIII trouxera de Calais. Tratou-se uma intervenção “misericordiosa” do rei, pois o adultério da rainha era considerado traição e a pena habitual para os traidores do sexo feminino era a morte na fogueira.

Assim terminou um casamento que fora a causa da rutura do rei com a Igreja de Roma. Na manhã seguinte, Henrique ficou noivo de Jane Saymour, que era dama de honor de Ana. O corpo de Ana Bolena foi enterrado numa sepultura não identificada.
Charles Wriothesley descreveu assim aquele momento terrífico na história de Inglaterra:
«Às oito horas da manhã, Ana Bolena, rainha, foi levada para execução, para o relvado da Torre de Londres, junto da grande Torre Branca. […] Num cadafalso ali construído para a sua execução, a rainha Ana falou assim: “Senhores, submeto-me humildemente à lei, pois a lei me julgou, e quanto aos meus crimes, não acuso nenhum homem; Deus conhece-os; entrego-os a Deus, rogando-Lhe que tenha misericórdia da minha alma e suplico-Vos: Jesus, salvai o meu soberano e senhor rei, o príncipe mais devoto e gentil que existe, e deseja reinar sobre vós.”

Estas palavras foram pronunciadas com uma fisionomia admirável e sorridente; e dito isto ela ajoelhou-se e disse: “A Jesus Cristo encomendo a minha alma!”; e de repente o carrasco cortou-lhe a cabeça com um golpe de espada.»




As palavras de Ana Bolena são de uma dignidade, elevação e grandeza surpreendentes. Talvez a expressão da sabedoria que muitos alcançam na hora da morte. Uma sabedoria que Henrique VIII, o rei mais conhecido e polémico que os ingleses tiveram, nunca teve.

Na verdade não foi Ana Bolena a causa principal do afastamento dos ingleses do catolicismo, mas a soberana soberba de Henrique VIII que se julgava um deus na terra. Demorou pouco tempo para Ana perceber quanto volúveis e perigosas são as paixões dos homens.

quarta-feira, 18 de maio de 2016

HORÁRIO FAMÍLIA



Em Portugal fala-se de mais e faz-se de menos. Constantemente ouvimos falar em reformas estruturais (já sabemos que isto quer dizer demissão das funções sociais do Estado), que o país tem de fazer isto e aquilo (como se o país não fossemos todos nós e o governo não tivesse o direito e o dever de assumir a iniciativa), que é preciso ir contra os interesses instalados (quando o governo propôs cortar os subsídios dos colégios dos meninos, ai que isso não pode ser, que é uma grande injustiça, uma grande maldade), que é preciso tomar medidas que auxiliem as famílias, que necessitamos de incentivar a natalidade (mas quando alguém quer aumentar um euro por dia ao ordenado mínimo, isso é que não pode ser nada, porque o país não aguenta. Basicamente o país não aguenta um aumento que pague as fraldas mensais de um recém-nascido, mas aguenta três banco falidos em cinco anos)… 

Na verdade, ano após ano assistimos a um discurso social hipócrita. Quem tem filhos sabe, há muito tempo, do que a casa gasta, mas revolve-me sempre os fígados estas falinhas mansas de gente que não se vê ao espelho.
Ideias não faltam e algumas muito válidas. Recentemente, a Ordem dos Médicos fez uma proposta muito interessante: reduzir o horário laboral de um dos pais até que o seu filho faça três anos. Vieira da Silva, ministro do Trabalho, disse hoje que estava disponível para discutir o assunto, mas que tínhamos de ir com calma (maneira educada de dizer “para já não!”), que o assunto era para ser discutido em concertação social (Até ele já está a ver a posição dos patrões: “Somos favoráveis a todas as medidas pró família desde que não paguemos um cêntimo.” ), que temos de saber que isto custa dinheiro, blá, blá, blá…

Tudo custa dinheiro! Até o blá, blá, blá de um ministro. A política é fazer opções. O governo não está a tentar cumprir a sua promessa de repor as 35 horas na função pública e não tem dinheiro para a festa? Então que ganhe coragem e assuma uma opção pró família e comece a implementar esse horário com os pais e as mães.
Obviamente, teremos logo a conversa de que o setor privado não pode cumprir, que não tem condições económicas para uma medida tal, que… Há mais de três décadas que já sabemos que o setor privado não tem condições para aumentar o preço de um café por dia ao ordenado dos seus trabalhadores. A conversa é sempre a mesma.

Esta proposta da Ordem dos Médicos é boa. É socialmente justa, económica viável e traz enormes benefícios socais. Já pensaram quanto poupariam as famílias em ATL´s, em correrias, em discussões extenuantes, se a mãe ou o pai pudesse sair todos os dias às 17 horas do seu emprego? Já notaram quanto mais felizes e bem-dispostas andavam milhões de pessoas em Portugal? Isso não seria excelente para o país sobre todas as perspetivas? Será que isso custa assim tanto dinheiro? Ou estamos antes a falar de egoísmo?
E já não estou a pensar naqueles patrões que mal vissem a medida aprovada, aproveitariam para constranger as pobres mães, torcendo o nariz a promoções, colocando-as na primeira linha de possíveis despedimentos, ignorando a lei com o maior descaramento.

Em Portugal, demora-se demasiado tempo a aceitar as coisas mais óbvias, especialmente quando, por acaso, elas beneficiam primeiro o vizinho.
GAVB

terça-feira, 17 de maio de 2016

SINDICALISTA, AMIGO, O TRABALHADOR AINDA ESTÁ CONTIGO?


Nas últimas décadas, o movimento sindical tem perdido fôlego e há cada vez menos trabalhadores sindicalizados. Muitas pessoas acham que os sindicatos são desnecessários, criticam-nos com rudeza, desprestigiam os seus líderes, acham que são uma força de bloqueio ao desenvolvimento económico do país.
É frequente ouvirmos, “aquele comuna do Mário Nogueira está sempre contra o governo! Nunca deu aulas! Está há demasiado tempo na Fenprof. Os professores só perdem em terem um líder assim.”

A questão é pertinente: os sindicatos fazem sentido num mundo económico globalizado? Na minha opinião, mais do que nunca. As condições de trabalho têm-se degradado muitíssimo nos últimos anos e os sindicatos pouco mais fazem do que aguentarem o dique, ou seja, resistirem, com muita dificuldade à enxurrada de precariedade, atropelo às mais elementares leis laborais, desemprego galopante.
Como estaríamos nós se não houvesse sindicatos? Muito melhor? Que trabalhadores, públicos e privados, acreditam nas boas intenções dos seus patrões quanto à manutenção dos postos de trabalho quando há recessão económica? É ou não é verdade, que, quando há lucros, estes se dividem pelos patrões (acionistas) e quando há prejuízos se despedem pessoas?

No entanto, se os sindicatos são assim tão essenciais aos trabalhadores, por que razão há cada vez menos trabalhadores sindicalizados? A que se deve a crescente descrença dos trabalhadores na força dos seus sindicatos?
Os sindicatos pararam no tempo! As reivindicações das direções dos sindicatos, ainda que justas, são muitas vezes irrealistas, face ao contexto. Depois ainda há que contar com a nefasta influência política nos sindicatos. Os trabalhadores são de todos os partidos e não de um só partido. A direção dos sindicatos, sejam eles de professores, médicos ou maquinistas da CP, têm de perceber que a ligação a um ideário político só fragiliza a posição dos trabalhadores. Assim como estar sempre contra, porque sim.

A força dos sindicatos está na oposição firme e no acordo consciente. Acresce ainda que há muito a negociar além do aumentozinho do salário.  Cabe aos sindicatos explicar à população que há entidades patronais que podem e devem alargar o menu de regalias dos seus trabalhadores porque tal se justifica, porque tal é da mais elementar justiça e porque isso traz vantagem económica para todos.
Um sindicato de trabalhadores não pode estar sempre de mão estendida ou sempre a dizer que o patrão X ou Y é péssimo. Assim é impossível haver clima para acordos.
Cabe também aos sindicatos fazer outra reflexão: as lideranças têm de se renovar. Não podemos ter o mesmo líder anos a fio. Ainda que tenha havido eleições, ainda que não apareça melhor, há que dar a vez a outros por moto próprio. O trabalhador não pode fazer do sindicalismo um emprego, mas uma missão.
Em suma, acho que os sindicatos são necessários há vida económica e social das populações, mas precisam urgentemente de se reinventar, porque como estão caminham perigosamente para o definhamento e com isso toda a gente perde. Até os patrões, apesar de eles acharem que quanto pior melhor!

Gabriel Vilas Boas

segunda-feira, 16 de maio de 2016

ELEMENTAL, CARO ARAVENA



E se um pobre pudesse desfrutar de uma casa com assinatura? E os arquitetos de renome trabalhassem para gente que não lhse pudesse pagar o que estão habituados a receber?
O mais recente prémio Pritzker, o arquiteto chileno Alejandro Aravena (fará 49 anos daqui a um mês) propôs há uma década uma fórmula diferente de fazer arquitetura: o arquiteto começa, o cliente acaba.


Através do seu escritório Elemental, Aravena sugere um modelo de “moradia incremental”.
Como construir uma casa quando dispomos de um orçamento incrivelmente baixo? Aravena advoga a construção de “metade de uma casa” (literalmente!): um espaço extensível de 40 metros quadrados, onde fica assente a estrutura básica (divisões, estrutura e paredes contra-fogo, casas de banho, cozinha, escadas e cobertura). A outra metade fica em aberto, isto é, por construir. Nessa metade aberta, o cliente (normalmente uma pessoa de baixos recursos económicos) pode acrescentar várias divisões, ao longo do tempo, conforme o seu gosto e possibilidades económicas.
Cada uma dessas pessoas garante, a baixo custo, os fundamentos essenciais (elementares) da sua casa, podendo-a alterar no futuro, pois o espaço em aberto permite inúmeras combinações. A proposta arquitetónica de Aravena vira a arquitetura para as pessoas, para as suas necessidades.

Aravena convoca as pessoas para o processo de construção. Nos seus projetos, as pessoas participam ativamente na construção da sua casa, do seu bairro, da sua cidade. O arquiteto chileno pensa que a melhor maneira de responder aos problemas/desafios é usar a capacidade das pessoas em construir. 
No seu conceito de projeto aberto e partilhado, Aravena usa o processo de interrogatório, em que cada pessoa, mais do explicar “o que quer”, explica “para que quer”. Normalmente, ele apresenta os seus projetos como soluções para equações. Regra geral, estas equações explicam relações volumétricas e não planimétricas.

Os edifícios de Aravena estão suspensos nos princípios elementares de uma relação formal ainda por concluir. Acabá-la é uma possibilidade que temos enquanto já os habitamos, mas como as nossas necessidades habitacionais básicas são diferentes ao longo da vida, a construção permanece em aberto, ainda que as diversas equações possam ser resolvidas.

Ao olhar a ideia arquitetónica do mais recente Prémio Pritzker não deixo de pensar que, talvez, Aravena queira mais do comprometer os seus clientes na construção do projeto da «sua» casa. Aravena quer que cada um de nós “pense” a sua casa não como um projeto fechado, capaz de satisfazer todos os caprichos de comodidade e luxo visual, mas como um projeto aberto e intemporal, apto para cumprir as necessidades habitacionais básicas e ao mesmo tempo permitir a expansão da liberdade criativa de quem a  habita.

GAVB 

domingo, 15 de maio de 2016

TENTAÇÕES NO CONVENTO


Talvez haja outras mas a únicas tentações conventuais disponíveis no mercado são… os doces. Este fim-de-semana provocaram os sentidos dos amarantinos que visitaram os claustros do Mosteiro de São Gonçalo.
Apesar da fraca publicidade do evento, milhares de pessoas percorreram os vários stands de does conventuais portugueses. O maior destaque foi dado apos doces conventuais da cidade de Amadeo de Souza Cardoso, com todas as pastelarias de referência da cidade a marcarem presença com o quinteto maravilha da doçaria conventual amarantina (lérias, foguetes, papos de anjo, brisas do Tâmega, São Gonçalos) e outros apontamentos gulosos inovadores como o “frade” e a “freira” da Pastelaria Mário.



Por entre propostas de licores tentadores (o Licor de Lamego sugeria provas gratuitas de alguns dos seus esplêndidos licores. Provei o “Licor Tentação” e percebi a razão de ser do nome, enquanto a dona, orgulhosa, me explicava o magnífico design das garrafas e dos rótulos), as melhores escolas da doçaria conventual portuguesa marcavam presença: o pão-de-ló de Margaride olhava de lado o irmão molhado de Ovar; os doces conventuais de Alcobaça (Que oferta: queijadas de Santa Maria, Encanto das Monjas, Pudim de Cister, Sua Santidade…) tinham dois representantes; os ovos-moles de Aveiro apresentavam oferta robusta em caixinhas de design colorido; as paciências das irmãs clarissas do Louriçal chamava atenção pela sua inesperada combinação de vinho do Porto e noz; a surpreendente doçaria eborense convivia paredes meias com os celebérrimos pasteis Tentúgal sem conflito de interesses; da serra algarvia um simpático casal trazia licores e D. Rodrigos com fartura, exponenciando o inconfundível sabor dos figos, alfarrobas, poejos e amêndoas algarvias.


As propostas da 11.ª Feira de Doces Conventuais de Amarante são uma tentação e merecem mais público. Muito dele acorreria ao evento se dele tivesse conhecimento. Durante a manhã de hoje falei com quase todos os expositores e alguns lamentaram a pouco publicitação da feira, o que se traduziu num baixo volume de vendas. A qualidade dos produtos apresentados (por exemplo, a Casa das Encosturas, em Cabeceiras de Basto exibia com orgulho duas compotas premiadas em Inglaterra) merecia uma promoção mais eficiente quer da organização quer da própria edilidade amarantina, pois esta Feira tem tudo para se tornar uma referência nacional dentro deste tipo de produtos.
As tentações saíram do convento: gostosas, misteriosas e irresistíveis, as tentações conventuais querem que os portugueses se percam (e pequem) por elas. Provavelmente, os doces conventuais são o pecado mais santo que existe.
Gabriel Vilas Boas


  

sábado, 14 de maio de 2016

MONEY MONSTER


Estreou esta semana “Money Monster” – um filme perturbador, arrebatador e intenso sobre um tema intemporal: o poder destruído do dinheiro.
Interpretado por George Clooney, Julia Roberts, Jack O’’Connell, Money Monster afirma a bela Judie Foster enquanto realizadora, quatro décadas depois da sua precoce estreia como atriz em Taxi Driver. Fosster propõe-nos um filme sobre a fraude do sistema financeiro através de um drama intenso, onde o desespero de um pobre homem, que perdeu todas as poupanças que a mãe lhe deixara, como herança no jogo da bolsa, leva-o à loucura de enfrentar um monstro sem rosto – a ganância.

Em Money Monster não há quem seja 100% culpado nem quem seja 100% inocente, mas há personagens com quem instintivamente simpatizamos, outras que odiamos visceralmente e aquelas a quem acabamos por desculpar.
O grande trunfo do filme é que nos envolve como se também nós nos sentíssemos espetadores involuntários daquele sequestro do rosto mediático da fraude e também nós quiséssemos saber – De onde vem e para onde vai o dinheiro que todos os dias se perde e se ganha na bolsa?
No final, percebemos que esse dinheiro vem da pequena ganância que habita todo o ser humano e vai, quase sempre, para uma conta secreta do dono de uma dessas empresas fantasma que se anuncia muito sólida mas na verdade treme como gelatina e está cheia de ar.
Lee Gates (G. Clooney) é o apresentador do programa televisivo Money Monster, onde dá dicas sobre o mercado financeiro, num estilo popstar, próprio do jornalismo sensacionalista dos tempos modernos. Um dia, um desconhecido (Jack O’’Connell) invade o programa quando este estava a ser gravado e exige a cobertura em direto do sequestro, sob pena de atingir mortalmente o famoso apresentador. E só nessa altura é que a equipa de “Money Monster” vai à procura de respostas sólidas sobre a empresa, que provocou a perda de 800 milhões de euros a pequenos investidores, e descobre um esquema fraudulento, muito bem arquitetado e vendido a preceito pelo programa “Money Monster”.  

Fazer-nos perceber como grandes abstrações da economia global (futuros, flutuações do mercado, mercados) é uma das grandes virtudes desta película. Outra é obrigar-nos a refletir como a informação que nos disponibilizam nem sempre é a mais pura e bem-intencionada.



Money Monster foi traduzido como Jogo do Dinheiro, sugerindo o jogo do mercado bolsista, mas eu retenho a tradução literal – O Monstro Dinheiro. No início não passa de uma brincadeira pueril, um jogo, mas rapidamente assume formas monstruosas, diabolizando-nos a vida.
Quase sempre se perde quando se luta contra um monstro. Ele só é enganado quando enfrenta uma espécie de loucura inteligente e isso, como todos nós sabemos, é uma improbabilidade matemática.

Gabriel Vilas Boas