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terça-feira, 30 de março de 2021

DESPEJAR MAIS HORAS E AULAS SOBRE OS ALUNOS NÃO RESOLVERÁ A PANDEMIA NAS APRENDIZAGENS


 "Recuperação das aprendizagens não será com horas a mais!" Parece que alguém começa a  ver claro no governo, a propósito do que está  a correr mal na tentativa de fazer frente aos efeitos negativos da pandemia na educação.

Os alunos seguem, à longos meses, fechados, em casa ou na sala de aulas. São horas e horas em frente ao ecrã ou aos manuais. Precisam de aprender melhor, não serem assoberbados de trabalho e mais trabalho, como se o problema fosse a quantidade e não a qualidade.

Só  não concordo com o secretário de estado João Costa quando ele refere que "o espírito " do plano de recuperação de aprendizagens é garantir que ninguém fica para trás. Infelizmente, ninguém, seriamente, pode garantir isso, porque historicamente isso  nunca aconteceu e porque isso também depende da vontade dos alunos e das famílias. O "espírito" deve ser garantir que todos terão boas oportunidade de não ficar para trás.


O governo diz que tem a intenção de "ouvir, discutir e depois decidir". Parece um bom princípio, embora isto não garante nada. Mais uma vez o governo opta por criar a enésima equipa multidisciplinar para produzir uma proposta de ação. E lá estão os suspeitos do costume: diretores, professores, psicólogos e "personalidades", que é como quem diz a economista Susana Peralta. Só não estão os alunos. Ou seja, os únicos interessados ficam de fora.

Dirão alguns que miúdos de 11 e 14 anos têm pouco de produtivo a acrescentar. Eu acho que têm muito, se não dirigirmos as suas opiniões, se não escolhermos a dedo os seus representantes. Ouvir os alunos. Em massa e sem grandes guiões. Lá encontraríamos muitas respostas.

De qualquer modo, não me parece que a Escola recupere o tempo perdido, com a pandemia, com lamentações ou fórmulas antigas.

A minha sugestão: logo que possível tirar os alunos da sala e promover uma aprendizagem mais prática. Ainda que demore mais tempo. 

Gabriel Vilas Boas

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