"Não vamos assumir que um programa se cumpra independentemente das condições específicas em que é aplicado." João Costa, secretário de estado da Educação.
A pandemia começa a produzir alguns efeitos benéficos nos decisores políticos. O mordomo que manda na casa lá vai esclarecendo o óbvio, mas até isso parece uma alegre novidade com esta equipa do Ministério da Educação.
Realmente João Costa não gosta de se expor ao ridículo e por isso anuncia aquilo que têm de ser anunciado. Os programas não serão, mais uma vez, cumpridos este ano letivo.
No entanto, esta clarividência pandémica e excecional podia ser uma ótima oportunidade para João Costa aceitar discutir a redução dos programas. É realmente preciso mexer neles, reduzi-los, distinguindo claramente entre aquilo que os alunos precisam de saber como alicerce para conhecimentos futuros e aquilo que os professores têm pena de não ensinar.
Eu sei que é horrível cortar, especialmente quando crescemos com a ideia que "tudo é importante" e afetivamente não conseguimos dispensar determinados conteúdos, mas alunos e conhecimento são diferentes do que existia há quatro décadas. Há muito mais conhecimento e a cabeça dos alunos funciona de modo diferente daquelas que pensaram estes programas.
O essencial vai mudando com o tempo, em cada disciplina. Reconhecer isso, fazer a monda necessária pode ser o click necessário para que a desejada viragem na metodologia se faça. Manobrar um petroleiro ou um navio porta aviões é bem diferente de manobrar uma lancha de ação rápida.
Gabriel Vilas Boas
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