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domingo, 26 de maio de 2019

ABSTENÇÃO NAS EUROPEIAS: DESINTERESSE, DESLEIXO E IMPOTÊNCIA

A abstenção nas eleições europeias atingiu números pornográficos, cerca de  70 %, mas previsíveis. 

Como querem os políticos e a comunicação social que os portugueses vão votar, se 70% deles nem o nome de um candidato conhecia, quanto mais o que propõe fazer na Europa? É mais fácil aos portugueses saberem quais são os suplentes do Benfica ou do Porto que o nome do candidato do PSD ou do PS nestas eleições europeias. 
E a verdade é que os candidatos também não querem, nunca quiserem, ser muito conhecidos, talvez porque isso implicaria um maior escrutínio daquilo que alguns fizeram e não fizeram, durante o último mandato. 
Como diria recentemente um jovem treinador de futebol português, Bruno Lage, se os portugueses fossem tão exigentes na Educação, na Saúde, no Ambiente, como são com as suas equipas de futebol (jogadores, treinadores, presidentes...), certamente teríamos um país melhor.

Nessa improvável circunstância estaríamos a perguntar a Paulo Rangel por que razão andou ele a faltar tanto em Bruxelas, ou a Nuno Melo sobre as suas propostas no Parlamento Europeu, ou a Pedro Marques sobre o seu pensamento político para a União Europeia com Reino Unido ousem Reino Unido. 
O desinteresse é tão grande que nem o nome deles o povo quer saber. No entanto, este desinteresse demonstra também desleixo e este pagar-se-á caro, como é óbvio. 
Ainda que apenas um em cada quatro tenha ido votar, hoje, os 21 deputados a que Portugal tem direito em Bruxelas serão eleitos. E a partir de hoje eles só sentirão no dever de prestar contas em quem foi votar, ou seja, uma parte muito minoritária da população, que em muitos casos corresponde aos «fanáticos» de cada partido, aqueles que votam sempre no PSD, no PS, no CDS, no BE ou no PCP, quer faça chuva quer faça sol.

Percebo perfeitamente que muitos portugueses se sintam impotentes perante tanto engano, tanta pouca-vergonha política, tanta incoerência e inconsistência dos candidatos. Percebo que achem que o voto não vale a pena. Todavia esse é um pensamento perigoso, porque quando pomos em causa a utilidade de um voto, o próximo passo é desvalorizar a democracia e a liberdade.  

Hoje muito poucos quiserem votar. Dirão alguns que "ao menos ninguém se fica a rir, mas o mais certo é que todos fiquem a chorar daqui a alguns meses.

GAVB


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