Para Portugal, hoje «começa» o Europeu de futebol. A lógica diz que a Hungria é o adversário teoricamente menos difícil, mas os húngaros jogam no seu Puskas Arena, num estádio estranhamente cheio de público.
Que seleção teremos? Uma equipa que empata com os fortes e ganha aos fracos? Uma equipa que joga para Ronaldo ou uma seleção capitaneada pelo melhor futebolista português de sempre?
Ao final de cinco europeus, Ronaldo ainda pode ser especial e fazer a diferença, se tiver a inteligência de perceber que tem de ser diferente. Precisamos que tenha uma atitude de capitão, um pensamento coletivo e esqueça os recordes ainda por bater, por mais sedutores e gloriosos que sejam.
Um capitão disposto a fazer brilhar os colegas, para que estes não se sintam na obrigação de endossar a Ronaldo a glória do golo ou da vitória.
Não é fácil este novo papel de Ronaldo, até porque ele não está (nunca esteve) talhado para ele. Ronaldo é suficientemente inteligente para perceber que já não é o mesmo de há cinco anos, mas também não é certo que seja capaz de ser a mão que embala o campeão. Se o quiser ser, já é uma grande ajuda. Não pode é ficar a meio caminho na sua intenção. E talvez aqui seja a parte em que Fernando Santos tem de entrar. As suas últimas declarações ("A seleção tem de se adaptar ao facto de Ronaldo não defender") não me parecem as mais assertivas e revelam uma subserviência, ao craque madeirense, desnecessária.
Ronaldo mantém o killer instinct dos predadores, a mentalidade dos vencedores, mas as pernas e o corpo não conseguem iludir os 36 anos. É a ele que cabe a decisão de tentar ser herói com outra capa.
A seleção nunca foi tão coletiva e coesa, respeitada e consciente das suas forças e fraquezas. A Ronaldo, apenas se pede que seja o capitão de um grupo que ainda precisa muito dele para o fazer sair em glória.
Gabriel Vilas Boas
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