Esse foi um dos objetivos do autor (ele que já dirigiu rádios e jornais e editou livros, onde se desvendou e desvendou Portugal).
"De que maneira, contando pequenas histórias de Portugal, eu conseguia, através também de forma como junto as histórias, encontrar um fio condutor e uma coerência global. E essa coerência global tinha como objetivo definir o país sem o definir.", afirma o autor. Para que cada um, na sua leitura, encontre as suas definições.
"Portugal é um país muito paradoxal. Não estava destinado a ter uma vida de 900 anos. Estávamos destinados a sobreviver, a ser discretos, a ter uma língua que não magoasse, apesar da nossa língua ser muito rugosa, não é comparável com a língua catalã ou com a língua basca, línguas de combate. A nossa língua é compromisso."
Mas Portugal tem outros paradoxos. O fado e o sol. A música, essência do país, que não se dança quando à tanta luminosidade à volta. "Criámos um som que corporiza uma ideia de melancolia quando a luz que nos entra pela janela afasta essa ideia."
Mais paradoxos. Os que partiram em caravelas e os que ficaram a dizer mal dos que foram. O país na primeira linha das campanhas que apelam à generosidade e na primeira linha "dos atos mais mesquinhos de egoísmo e inveja". "Somos capazes da maior euforia e de depressão na mesma hora do dia."
Luís Osório fala da bipolaridade de sonhar e matar o sonho no segundo seguinte. Talvez por isso afirme: "Somos extraordinariamente únicos."
Sara Dias Oliveira.
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