Aproveitando a oportunidade aberta pelo forçado ensino à distância, a empresa JP Sá Couto, que há mais de uma década saltou para a ribalta como a produtora dos famosos computadores "Magalhães", para os alunos do 1.º ciclo, e de outros computadores de baixo custo, para os restantes alunos do ensino básico, disponibilizou-se para suprir a falta de computadores, que milhares de alunos do ensino público português, dizem não ter.
A ideia parece boa, não fosse o JP Sá Couto ser uma espécie de "empresa maldita", ligada ao esplendor do socratismo. Talvez por isso, não tenha sido contactada pelo governo, para este novo projeto tecnológico que se adivinha para o próximo ano letivo... nem o venham a ser.
O mais engraçado é como não há outras empresas portuguesas, de base tecnológica, que se "cheguem à frente" e ofereçam o seu know how e a sua capacidade produtiva, para suprir esta falha, em três/quatro meses.
Por outro lado, também não deixa de ser curioso que a empresa JP Sá Couto apenas tenha conseguido vender este tipo de projeto para países como o Quénia, a Bolívia, o Uruguai e a Argentina.
O que parece óbvio é que precisamos de equipar rapidamente os alunos mais carenciados e sem computador, para um possível ensino à distância, durante o próximo ano letivo, porque o mais certo é que novos surtos da pandemia COVID-19 possam obrigar a novas paragens.
Agora há que definir alguns princípios: bastas-nos um projeto semelhante ao do E-escolas ou queremos outro, mais capaz, bem equipado, fiável e, obviamente, mais caro? Que responsabilidades devem adquirir os alunos perante esses equipamentos? Que tipo de empresas devem ser acolhidas a concurso? Só as portuguesas, ainda que mais caras?
Além dos alunos carenciados, convinha ainda não esquecer os professores, que não sendo carenciados não são a santa casa da misericórdia nem têm isenção de impostos como as fundações e por isso não devem estar a custear o ensino à distância usando a sua internet, os seus computadores pessoais e outros materiais tecnológicos para produzir conteúdos pedagógicos adequados.
Se houver um novo projeto tecnológico de cobertura total dos alunos portugueses, este deve contemplar igualmente os professores, equipando-os com os materiais necessários para um trabalho de qualidade.
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