AGIM SULAJ é um artista albanês, prestes a entrar no clube dos sexagenários, que dedicou toda a sua vida ao cartoon.
O seu talento artístico começou a expressar-se na revista político-satírica «Hostenis», mas rapidamente os seus desenhos atravessaram fronteiras e conquistaram a admiração da crítica italiana, grega, turma, francesa, belga e inglesa, como o atestam mais de oitenta prémios arrebatados, em diversas cidades europeias, de que o último exemplo foi o Porto Cartoon World Festival, em 2018.
Agim Sulaj sempre colocou o foco nos problemas sociais e políticos do seu tempo, destacando-se, ultimamente, pelo modo sarcástico com que retratou o problema dos imigrantes no mediterrâneo e a ameaça plástica que paira sobre o planeta Terra.
Os desenhos do albanês veiculam quase sempre uma mensagem forte e clara, onde é possível notar uma dose acentuada de humor negro.
Os temas de Agim são causas nobres da Humanidade: liberdade, fome, guerra, imigração, poluição, refugiados e uma Europa em crise.
Remendada ou com estrelas, a Europa constitui uma preocupação dominante na sua obra. Com sínteses expressivas e plasticamente apelativas, Agim Sulaj analisa os dramas europeus, obrigando-nos a refletir sobe eles.
A mala é outro elemento fundamental nos seus desenhos. A mala do dinheiro, a da corrupção, dos acordos secretos e sonegados ao conhecimento público. Mas também a mala de cartão, velha, frágil e remendada, com que os imigrantes fogem da guerra em busca da terra prometida, que não é mais do que um terra sem guerra. Ela é uma das raízes mais profundas do problema.
Com Brueghel como referência ("Parábola dos Cegos"), revela-nos uma paleta que é um buraco sem fundo. A metáfora de Brueghel alarga-se aos dias de hoje, evidenciando uma humanidade a caminhar para o precipício, se teimar em seguir cegamente os caminhos dos outros... "loucos", como Donald Trump.
Esta conexão com Brueghel aproxima o cartunista dos pintores, revelando aquilo que Agim não deixa de ser - um pintor inquieto da realidade, na linha de outros grandes artistas que se interrogam sobre o rumo da Humanidade.
Quem quiser usufruir da exposição dos mais recentes trabalhos deste artista albanês, vencedor da edição 2018 do Porto Cartoon World Festival, pode fazê-lo numa sala do terceiro piso do Centro Comercial Alameda, mesmo em frente ao Estádio do Dragão, na cidade do Porto.
O cartoon cumpre uma função essencial nas democracias. O lápis do cartunista é como um bisturi atento aos desvios do poder, aos preconceitos, às discriminações. Atento às condições e perplexidades do ser humano. O cartoon é um bom barómetro das sociedades. Faz-nos rir e ajuda-nos a pensar.
Haverá melhor oxigénio?
Sem comentários:
Enviar um comentário