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sábado, 29 de dezembro de 2018

A HISTÓRIA REZA POR AMOS OZ


O final do ano traz sempre destas notícias tristes: morreu Amos Oz, escritor israelita insigne e um baluarte na luta pela paz.  
Amos Oz foi um verdadeiro príncipe da palavra e da paz, num contexto marcado pela guerra, pelo ódio, pela incompreensão, como é o cenário do Médio Oriente, desde meio do século XX até aos dias de hoje. 

Apesar de ser um tenaz lutador pela paz, é  guerra que marca a vida deste israelita, nascido em Jerusalém. Desde logo, o ano em que nasceu, 1939, recorda-nos o início  do conflito mais marcante da história da humanidade: a II Guerra Mundial, depois, porque Amos participou como soldado na Guerra dos Seis Dias (1967) e na Yom-Kippur (1973). 

Essa terrível experiência marcou a sua vida tanto quanto a literatura ou a filosofia, de tal forma que dedicou grande parte da sua existência à defesa da convivência pacífica entre israelitas e palestinianos. 

Espírito superior e com um talento ímpar para a escrita, Amos Oz deixou-nos trinta e cinco obras, das quais destaco, obviamente, Uma História De Amor E Trevas (2002). Várias vezes à porta do Nobel da Literatura, sem nunca o ter conquistado, Oz havia de se empenhar na construção da paz, ajudando a formar o movimento PAZ AGORA, em 1977. Essa defesa intransigente do valor da paz criou-lhe muitos anticorpos dentro do estado hebraico, mas Oz não se importou. Numa entrevista recente disse mesmo que considerava um elogio quando lhe chamavam traidor.

 «Acho que traidor pode ser um título honorífico. Muitos grandes homens e mulheres do seu tempo foram chamado traidores simplesmente porque estavam à frente do seu tempo.»

Infelizmente Amos Oz estava à frente de um tempo onde a guerra ainda é vista como solução. Ao morrer, amargurado e derrotado pelo cancro, a poucas horas de finalizar 2018, Amos Oz deixa-nos os seus belos livros (romances, ensaios, contos, histórias para crianças) e sobretudo o seu exemplo de cidadania, civismo, humanidade e coragem. Verdadeiramente foi esse o lema que adotou para a vida e o apelido para o nome, quando aos quinze anos mudou o apelido de Klausner para OZ, que em hebraico significa "Coragem", "Força". 

Gabriel Vilas Boas 

segunda-feira, 14 de maio de 2018

ISRAEL TRANSFORMOU UM DIA GLORIOSO NUM DIA VERGONHOSO



Trump não teve coragem de ir a Israel, para as comemorações dos setenta anos do Estado Israel, apesar de ter sido dele a prenda que os ortodoxos israelitas mais desejavam: a deslocação da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, dando deste modo um fortíssimo sinal do que a administração Trump pensa do problema israelo-palestiniano.
E Netanyahu recebeu a filha do presidente dos EUA com aquilo que sabe fazer melhor: a chacina de mais de meia centena de palestinianos na Faixa de Gaza. 
Para o primeiro-ministro israelita, umas pedras provocatórias do lado palestiniano devem ter como respostas uma saraivada de balas, disparadas pelos seus melhores snipers, revelando mais uma vez o que pensa dos acordos anteriormente assinados pelos seus antecessores bem como as suas intenções de paz.

As pedras dos palestinianos, justamente indignados com a concretização da decisão de Donald Trump, não eram ameaça nenhuma à integridade do estado de Israel como Netanyahu teve lata de justificar.  

Israel sempre teve um comportamento de elefante na diplomacia internacional, mas as suas últimas atitudes e em especial a de ontem, estão muito para além da típica inflexibilidade dos conservadores israelitas; elas roçam a falta de respeito pelos apoiantes de Israel, pelos milhares de judeus que construíram a história de um povo milenar e atenta contra o próprio sentido de humanidade que um Estado de direito deve/tem possuir.
Um Estado não pode matar pessoas que atacam polícias com umas pedras, não pode atirar conscientemente sobre civis como quem atira num alvo por pura diversão. 
E fazer isso no dia nacional do Estado de Israel foi sujar a alma do povo israelita, que deve refletir naquilo em que se está a tornar.
GAVB

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O ESTADO DE ISRAEL



      Em 14 maio de 1948, David Ben-Gurion, o chefe-executivo da Organização Sionista Mundial e presidente da Agência Judaica para a Palestina, declarou o estabelecimento de um Estado Judeu em Eretz Israel, a ser conhecido como o Estado de Israel, uma entidade independente do controle britânico.
     As nações árabes vizinhas invadiram o recém-criado país no dia seguinte, em apoio aos árabes palestinos.

      Os Judeus tinham finalmente a sua terra prometida, mas não alcançavam a paz. Vivem há sessenta e seis anos em estado de pré-guerra e em alerta permanente.

      Depois do holocausto, durante a segunda guerra mundial, seguiram-se anos sem fim de guerrilha, com os povos árabes em seu redor.

      Não sei se são um povo maldito ou um povo escolhido, mas são, sobretudo, um povo sofredor. É impossível não pensar em todas as provações que este povo passou ao longo da sua história e como as superou. Isso fortaleceu-os e tornou-os mais unidos. Essa união foi construída muito em torno da religião, que lhes justifica os atos e os guia espiritualmente.

       A religião e a sua especial aptidão para os negócios, onde ganharam sempre muito dinheiro, fizeram deles um povo muito odiado em quase todo o mundo. Mas também muito requisitado, pois a ambição humana é, na maioria das vezes, superior aos ódios.
     Por todo o lado onde passaram atraíram riqueza, fazendo crescer reinos e estados, mas sobretudo aumentando o seu poder de influência. Esse poder foi sempre usado tanto em proveito próprio como coletivo. Usaram-no muitas vezes para se “manterem vivos”, ou seja, para comprar a sua liberdade, para sobreviver, para influenciar as decisões dos países e governos mais poderosos, para impor os seus costumes e a aceitação do judaísmo.
    Muito unidos, muito religiosos, muito materialistas, reúnem por vezes qualidades ímpares de determinação coletiva de que poucos povos se podem gabar.
        Há sessenta e seis anos, conseguiram finalmente ter a sua terra. No entanto, ela é mantida à base dum sistema de segurança quase impenetrável, dum exército sempre em alerta, duma população em constante sobressalto, de serviços secretos de topo.
         O povo israelita já é parente do medo e da guerra. Gerações cresceram no ódio como se isso fosse uma marca de sangue.
          Os judeus são um povo que parece ter alcançado quase tudo o que quis, excepto a PAZ. Não porque esta lhes esteja vedada por decreto divino, mas porque realmente nunca a desejaram tanto como tudo o resto que acabaram por alcançar.

     A paz atinge-se sabendo ceder. Os israelitas devem perceber que é impossível querer ser-se reconhecido sem ser-se capaz de reconhecer os outros.
         Nenhum povo pode clamar vitória quando isso significa a tentativa de aniquilação doutro povo à sua autodeterminação, ao seu “bocado” de território.
        Acho que os judeus são um povo quase feliz, quase poderoso, quase único. Falta-lhes eliminar uma palavra do seu dicionário – ódio – e acrescentar outra: PAZ, para se tornarem num povo perfeito.


Gabriel Vilas Boas