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sábado, 15 de maio de 2021

MÁ INFLUENCER

 


poucos dias, um casal de influencers comunicou aos seus influenciados que, afinal, já não ia adotar uma criança tailandesa, como planeava, porque foram informados que não podiam expor o rosto da criança, nas redes sociais, durante o primeiro ano da adoção. Sorte da criança, pois, apesar de não ganhar uns pais adotivos tolos, não perdeu o estatuto de ser humano. 

Na  sua superficialidade, este casal confessou o que os move: a publicidade, a imagem, a aparência. Ia adotar uma criança tailandesa, porque isso lhe pareceu bem para a sua imagem de influencers e de youtubers, e não porque quisessem ser pais tivessem  ou um genuíno desejo de cuidar daquela criança. 

Os influencers são uma das imagens de marca da sociedade do século XXI, que assume a imagem e a aparência como conteúdo fundamental. Faz-se isto ou aquilo porque supostamente é cool ou alguém tipificou aquela atitude como "de grande valor social". 

Um influencer vive mais do desejo de reconhecimento do outro do que da vaidade própria. Há um absurdo desejo de ser reconhecido, amado, considerado, que se aceita seguir tendências, gostos ou atitudes dos outros acriticamente e que nada têm que ver connosco. Aceita-se sem pensar e sem sentir. Aceita-se ser carneiro com o sonho de um dia ser pastor do rebanho, sem pensar que está na coragem de seguir o seu próprio estilo o  caminho para ser definido como único, admirado e considerado.

Não sei que futuro terá aquele bebé, mas sei que, para já, não desceu ao estatuto de «coisa fofa», pronta a render muitos likes, muita publicidade a marcas de roupa de bebé, muitas ideias tolas sobre qual deve ser o papel de um pai ou de uma mãe.

Gabriel Vilas Boas  

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