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domingo, 15 de novembro de 2020

ELA NÃO PODE ESTAR BOA DA CABEÇA!


 Cláudia Lopes, jornalista da TVI, disse numa entrevista que a pessoa mais importante da sua vida é o marido e só depois o filho.

Ciente ou não da polémica que essa afirmação iria causar, explicitou o seu raciocínio: « Há aqui uma razão muito simples que é: tu não podes gostar mais do teu filho do que de quem te ajuda a criá-lo, porque isto de criar uma criança não é tarefa nada fácil e, segundo ponto, acho que o meu filho é uma criança mais feliz se o pai e a mãe forem felizes».

Como seria de esperar, Cláudia Lopes foi trucidada. 

"Os meus filhos sempre em primeiro lugar. Que mulher é esta?" ou "Não pode estar bem da cabeça. Marido não é família, não tem o nosso sangue. Filho é o nosso sangue, os nossos ossos, o nosso coração a bater constantemente a cada segundo que respiramos. Talvez esta pessoa mude de ideias quando o marido se lembrar de a trair e trocar por outra".

Cláudia Lopes manifestou algum sentimento negativo? Disse odiar alguém? Não, ela apenas hierarquizou os seus sentimentos. E tem todo o direito a isso. E tem o direito a não ser vilipendiada. 

Quem somos nós para definir e hierarquizar os sentimentos dos outros? É completamente desnecessário contra-argumentar, mas todos conhecemos inúmeros exemplos de filhos que abandonam os pais em hospitais ou lares, que não os visitam durante décadas ou apenas se interessam pelo seu dinheiro ou bens, de uma maneira despudorada. São também vários os exemplos de casais que se amam até à morte com uma ternura comovedora. 

O que me indigna nestes comentários é que eles são uma espécie de estética do sentimento e quem não se encaixe nela é insultado, perseguido, ridicularizado. 
Como seriam estas mulheres se os seus maridos lhes declarassem que as amam em primeiro lugar e só depois aos filhos? Também lhes diriam que estavam maluquinhos? Que eram tolos, pois o mais certos era traí-los daí a uns dias? 

Amar não é uma competição. Ama-se o marido, os filhos, os pais, os amigos de diferentes modos. Não temos de hierarquizar esses amores, como se eles competissem num qualquer campeonato do sentimento.

E antes de tudo é um abuso, um insulto querer passar um atestado de bom ou mau comportamento aos sentimentos dos outros; dizer aos outros como devem hierarquizar os seus sentimentos, como se eles não tivessem cabeça para pensar e o seu coração tivesse sido produzido numa qualquer fábrica da estética do amor, de um regime nazi.

GAVB  


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