Aristides Sousa Mendes é um herói português, de quem o Estado português sempre teve vergonha.
O homem que foi contra Salazar, contra o politicamente correto, contra a hipócrita etiqueta diplomática, mas a favor da humanidade, da vida, de milhares de homens, mulheres e crianças que conseguiram fugir de um destino trágico, criado por um louco que perseguia o ideal de extermínio dos judeus.
Apesar de todas as reabilitações públicas, o poder político sempre teve um certo pejo em assumir a sua herança humanista, no entanto, lentamente essa inércia ética vai-se esbatendo e por estes dias o parlamento português aprovará um projeto de resolução que visa dar honras de panteão nacional a Aristides Sousa Mendes.
O projeto é da deputada Joacine Katar Moreira e parece reunir amplo consenso entre os vários partidos políticos, ainda que não note grande entusiasmo em nenhum deles. Pouco importa! O que é relevante é que a memória dos seus atos não se apague e, pelo contrário, as gerações mais novas de portugueses respirem os seus ideais humanistas, a sua coragem política e diplomática, a maneira com soube valorizar a vida.
É certo que o panteão nacional não é um lugar icónico da portugalidade nem um dos mais turísticos, mas o seu simbolismo é inegável e através dele podemos percecionar muito do que fomos e somos enquanto país e povo.
Quando, daqui a um ano ou a década, um jovem visitar o Panteão e indagar sobre os feitos dos heróis que lá são evocados, poderá aprender sobre a simbólica coragem portuguesa, em tempos de cobardia e taticismo político, durante a segunda guerra mundial.
E certamente abrirão um sorriso longo e satisfeito, que iluminará a face satisfará a alma. Aristides Sousa Mendes foi e é esse raio de esperança com carimbo português, no passaporte da vida.
GAVB
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