Flávio Migliaccio não aguentou mais a desumanidade que tomou conta do Brasil, em tempos de pandemia, onde o vírus Bolsonaro consegue destruir mais rápido a alma de um povo do que a letalidade da COVID-19.
Flávio suicidou-se.
Flávio suicidou-se.
Depois de uma vida tão longa e tão bela, fazendo rir e chorar milhões de pessoas por todo o Brasil, acabou os seus dias em sofrimento de alma, vendo um país trespassado pela desumanidade de um maluco, que desprotegeu o seu povo, a ponto de hospitais fecharem portas, por falta de capacidade para acolher mais infetados com o corona vírus.
Imagino a angústia do velho Migliaccio nestes dias de treva profunda, onde nenhum prémio, nenhuma recordação doce de tantos momentos de glória foi suficentemente forte para o impedir de partir.
Suicidou-se por absoluta incapacidade de continuar a ver tanta crueldade e desumanidade. Deixou-nos uma carta amargurada, onde descrê totalmente da humanidade, onde lamenta o hálito putrefacto a ditadura militar que nauseia o Brasil de Bolsonaro.
A morte de Flávio calou fundo no mundo artístico e social brasileiro, com Lima Duarte a fazer questão de lembrar a todos os que lavam as mãos desta morte, de todas as mortes evitáveis da Covid-19, o fazem numa bacia de sangue.
Deve ter sido por isso que Regina Duarte resignou ao seu cargo na Secretaria da Cultura, depois de tão ignóbeis e despreziveis afirmações nas últimas semanas.
Flávio não foi fraco, Flávio não foi cobarde, foi apenas coerente com o seu sentido ético. A grandeza do seu coração talvez não merecesse continuar a ver tanta ignominia.
GAVB
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