A moda já não é comprar, mas sim UTILIZAR.
Os transportes, a roupa, os livros, os sacos das compras... no entanto, há em nós um lado irracional, antigo e vaidoso que ainda nos domina e nos conduz à compra. Compulsiva, irracional, destrutiva.
Só isso explica esta alienação coletiva que fez/faz gastar a cada português mais de trezentos euros em compras no Black Friday.
Comprar, comprar, comprar... e tornar a comprar como alguém que fuma cigarro atrás de cigarro, nervoso com qualquer evento da sua vida.
É verdade que o Black Friday fica na esquina mais perigosa do ano para a nossa carteira, já que se situa na confluência da Rua do Subsídio de Natal com a Avenida Compras Natalícias, havendo tentações feitas à medida dos nosso pontos fracos em cada monta, feed do facebook, ou spot publicitário que a televisão passa com arte e comoção. No entanto, do outro lado devia de estar o bom senso, a noção que algumas comprar são mesmo desnecessárias e fúteis, além de que nos farão desequilibrarão as finanças e o humor nos próximos dois meses.
É bem possível que seja quase impossível quebrar este colossal vício consumista, pois ele alimenta-se do nosso pior defeito - a vaidade, mas não será assim tão difícil promover uma transformação libertadora em vez de uma revolução dolorosa. UTILIZAR em vez de comprar. Temos de abandonar definitivamente essa noção esclavagista de posse.
Amontoamos roupa nos armários, acessórios, sapatos, telemóveis, relógios, coleções de livros cuja folhas nunca virão a luz do dia. Precisamos de tornar todo esse material desfrutável, dando-lhe outros donos, aprendendo a beleza das coisas usadas e, sobretudo, partilháveis.
Saí muito mais barato e condiz bem melhor com o espírito natalício.
GAVB
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