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domingo, 10 de novembro de 2019

ÀS VEZES O AMOR NÃO BASTA

A 10 de novembro de 2009 Robert Enke saiu de casa pela manhã e disse à mulher que ia chegar tarde. Tinha duas sessões de treino marcadas com o treinador de guarda-redes do Hannover, que não esperasse por ele. Teresa acreditou.

Só que ao final do dia Enke não apareceu em casa e Teresa ficou preocupada. Telefonou ao treinador de guarda-redes e soube que afinal não tinha havido qualquer treino marcado. Soaram os alertas, Teresa temeu o pior. Ligou de seguida ao empresário de Robert, em pânico. Ele pediu-lhe para ver em casa se o marido lhe tinha deixado algum bilhete e ela encontrou uma carta no quarto. "Querida Terri..."


Desejou nunca ter saído do Benfica, onde era feliz. Acabou por rumar à Turquia, ao Fenerbahhçe, por empréstimo, mas ao cabo de apenas 13 dias estava de regresso a Barcelona. Depois de uma derrota por 3-0, em que os adeptos lhe atiraram objetos da bancada e o ofenderam verbalmente, Enke não aguentou. Foi nesta fase que começou a ser seguido pelo dr Makser. Com a autoestima muito em baixo rumou ao Tenerife. 


Em 2004 regressou à Alemanha, assinando pelo Hannover. Foi este o clube que o catapultou para a seleção da Alemanha, mas nem isso o fazia sorrir. Enke vivia com medo do fracasso, da crítica, de perder o futebol e a filha. Havia dias em que não queria sair da cama, em que se sentia mal, muito mal. Ninguém no clube sequer suspeitou, todos pensavam que não era muito falador porque era uma pessoa reservada. Nada mais.


O Dr. Makser queria interná-lo, mas ele dizia que não, que estava bem. Mas não estava. Enke achou que apenas a morte o podia livrar daquele fardo e marcou encontro com ela naquele final de tarde do dia 10 de novembro de 2009. "As vezes o amor não basta", constatou Teresa, que sempre fez de tudo para resgatar o marido da tristeza em que estava atolado.

Depressão

Falar em depressão no futebol há 10 anos era como falar de homossexualidade. Era tabú. Ninguém admitia estar triste, psicologicamente doente, pois havia o medo de ser considerado fraco, de perder o lugar na equipa ou de ser humilhado pelos adeptos.


Mas nos últimos anos inúmeros atletas têm vindo a público falar sobre tema. André Gomes, no Barcelona, passou por momentos complicados; Gianluigi Buffon, Gary Neville, Iniesta e mais recentemente Marcelo já confessaram ter passado por momentos complicados. Se hoje fosse vivo Enke saberia que não estava sozinho... 
in Record


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