"O que me preocupe não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons", Martin Luther King.
Para mim, já nem precisam de ser "bons", basta que sejam justos e decentes. A indiferença da sociedade portuguesa perante os problema concretos de determinados grupos profissionais choca-me. Encolhem os ombros e proclamam a célebre frase de António Guterres "É a vida!". Não, a vida coletiva não é isto! A vida de uma sociedade, de uma população ou de um povo é intervir em prol da justiça, em benefício do bem geral; e tal significa pressionar para que determinados grupos profissionais alcancem as suas reivindicações.
Dir-me-ão que não são eles que decidem, que fazem leis, que determinam aumentos de salários. Eu contraponho que são eles que votam, que escolhe quem decide e quem os pode censurar publicamente e de modo inapelável.
Como fazer isso? Através do poder intermédio: a comunicação social.
foto de Tiago Miranda, Expresso |
E que faz a comunicação social neste caso como no caso dos enfermeiros, dos médicos, dos oficiais de justiça, dos professores? Entretém-se com jogos florais, escrevendo, falando e debatendo sobre tudo o que é acessório.
Que me importa que as reivindicações dos polícias sejam acompanhadas pelo deputado do "Chega" André Ventura? Nada!! O que importa é que eles têm razão. O que importa é resolver a situação indigna em que muitos trabalham. O que releva é que temos um problema para resolver e não o estamos a saber resolver.
A população portuguesa precisa de valorizar a sua polícia e não clamar pela sua proteção quando lhe convém, mas achar bem que ganhe pouco mais que o ordenado mínimo, que tenha de comprar o material de trabalho ou tenha de fazer o seu ofício com um número tão pequeno de efetivos que a sua segurança está sempre em riscos.
É preciso que essa preguiçosa maioria silenciosa diga à maioria que elegeu que é preciso dar melhores condições de trabalho e de remuneração à polícia portuguesa, porque ela o merece, porque ela é essencial à segurança e paz que queremos, porque ela já tem sofrido de mais.
Ser polícia em Portugal quase sempre foi uma desventura: quando nos protege não faz mais do que a sua obrigação; quando se excede é um criminoso que tem de ser severamente punido; quando nos multa justamente, está a "meter nojo".
Temos realmente um problema psicológico com a noção de polícia. E não são os polícias que têm de mudar no essencial, somos nós. Precisamos de os respeitar e isso implica pressionar o governo a dar-lhes o que eles merecem, o que no caso, é, praticamente, aquilo que eles reivindicam.
Gabriel Vilas Boas
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