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segunda-feira, 4 de março de 2019

JUIZ NETO MOURA QUEIXA-SE DE VIOLÊNCIA HUMORÍSTICA


Podia ser uma brincadeira de Carnaval, mas infelizmente é notícia séria e triste, embora não surpreendente: o malfadado juiz Neto Moura queixa-se de violência humorística. 


O homem que tem dedicado o seu pretensioso conhecimento das leis à desculpabilização da estúpida violência doméstica sobre as mulheres, mostra ter zero poder de encaixe e ameaça processar todos aqueles que, com humor e sarcasmo, o têm criticado justamente, pelos inacreditáveis acórdãos que tem produzido, em defesa dos agressores das mulheres, vítimas de violência doméstica.

Infelizmente, Neto Moura é um exemplo de um Portugal que ainda existe e que fundou a sua educação numa mentalidade machista, ignorante e retrógrada, que o Estado Novo de Salazar ajudou a fomentar. 
Esse Portugal já não é maioritário na sociedade portuguesa, mas ainda tem muito poder.
Por falar em poder, como ele está calado perante o maior problema do país nas últimas semanas: a violência doméstica! Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Rui Rio… e também Jerónimo de Sousa e Assunção Cristas!  Nem o cheiro a votos os faz falar! É triste verificar como quem nos governa e representa falha quase sempre no essencial e têm de ser os humoristas a fazer o papel sério de denúncia, condenação, marcação cerrada aos Netos Moura desta vida, porque na política portuguesa quase todos sabem apenas fazer de Pilatos.
Depois admiram-se com o descrédito em que vivem políticos e magistrados. Eles vivem cada vez o seu mundinho hipócrita e pequenino, onde as vaidades e pruridos são tantos que se atropelam uns aos outros.
A problema do Carnaval português é que a crítica deu lugar à revolta e apetece mais gritar e repudiar que parodiar.
Gabriel Vilas Boas

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