Ninguém deve menosprezar a vossa decisão de seguir sozinhos.
Talvez o melhor que podemos desejar é que o Reino Unido, finalmente liberto do pesadelo europeu, rume para novas margens, parcerias e oportunidades — e aquilo que for bom para o Reino Unido não será mau para os seus ex-parceiros europeus.
Obviamente que ninguém deve menosprezar a decisão dos britânicos de seguir sozinhos. Isso foi longamente debatido. As nações têm o seu ego, como disse James Joyce. Se outros países europeus lidassem com crises como ilhas, talvez também eles ansiassem por recuperar a grandeza do passado. Portugal teve a sua próprio experiência nos anos 50 do século XX, quando o ditador "tin-pot" [expressão inglesa atribuída a ditadores de países pequenos que acham que são mais importantes do que são de facto] António Salazar proclamou que iríamos ficar orgulhosamente sós.
É suposto que o Reino Unido, de novo como uma ilha, siga à deriva no Atlântico em direção aos Estados Unidos. A América estará à espera, de braços abertos, com as suas boas maneiras e jogo limpo, personificados pelo atual presidente. Ele irá explicar a Boris Johnson que as alterações climáticas não existem, que é bom continuar a explorar minas de carvão e que a lei internacional foi ultrapassada pelo Twitter.
Mas as escolas na Europa vão continuar a ensinar a linha poética de John Donne que diz que "Nenhum homem é uma ilha"
Lídia Jorge, in The Gaurdian
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