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quinta-feira, 14 de novembro de 2019

PASSAR TODA A GENTE É TRAIR O ALUNO E DESRESPONSABILIZAR O ESTADO

Tentar dar tudo a todos é meio caminho para não dar nada a ninguém, aprofundando o fosso entre ricos e pobres. Aliás, devemos ter a noção que há coisas, como a passagem de um ano letivo para outro, que não se dão, pois destinam-se a ser conquistadas. 


Obviamente que passar toda a gente até ao 9.º ano de escolaridade resolve o problema do abandono escolar, da percentagem de "chumbos" que o país tem, e torna a Escola ainda mais barata. No entanto, é resolver um pequeno problema para criar um outro muito maior: a ignorância de sucessivas gerações de pessoas.

Foi este pensamento que durante anos o Estado teve em relação ao tabaco: se o tributarmos fortemente até encontramos uma interessante fonte de receita, esquecendo que a conta seria apresentada, mais tarde, ao Serviço Nacional de Saúde. 

"Investir num plano nacional de não retenções" é brincar com as palavras. Já há planos e mais planos que tentam recuperar os alunos com mais dificuldades, mas estes alunos não deixam de existir simplesmente porque esses planos foram criados. Temos de contar que há alunos que não conseguem mesmo ultrapassar as suas enormes dificuldades de aprendizagens como temos de considerar que também há alunos que, simplesmente, não as querem ultrapassar porque se estão a marimbar para a Escola.

Por outro lado, passar todos os alunos é desistir de ensinar. 
Que aluno estará atento, motivado, comprometido, sabendo que faça o que fizer tem sempre a passagem de ano garantida? 
E mesmo havendo alguns (cada vez menos com a passagem do tempo) interessados em aprender, facilmente o ambiente criado pelos «boicotadores» inviabilizará qualquer aprendizagem com o mínimo de qualidade. 

Em poucos anos, as famílias com alguns recursos económicos retirarão os seus educandos do ensino público, que ficará, deste modo, depauperado, desmotivado, abandalhado. 
A dicotomia social aprofundar-se-á de forma irreversível, com o Estado a ter de pagar dois sistemas de ensino: o miserável (do público) e o remediado (do privado), tal como já acontece, em parte, com o nosso sistema de saúde.

Por outro lado, mesmo que haja alguma exigência a partir do ensino secundário, os alunos das escolas públicas já terão perdido por completo o comboio em relação aos colegas que sempre investiram na sua formação e, por isso, ser-lhes-á totalmente impossível competir, em igualdade de circunstâncias, para a entrada no ensino superior.

Gabriel Vilas Boas