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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

A CULPA FOI DO COMPUTADOR


«Foi lapso informático!» Há quanto tempo não ouvíamos uma desculpa esfarrapada destas? Há muito, mas esta foi a única justificação que o responsável pelo Plano Nacional de Leitura deu para a inserção do livro de Valter Hugo Mãe «Nosso Reino», nas recomendações de leitura para os alunos do 8.ºano.
Ora, como toda a gente sabe, os lapsos informáticos só se descobrem quando não há outra justificação para dar sobre um erro humano cometido. A comissão do PNL percebeu rapidamente a indignação geral. Aos puritanos do costume juntaram-se as vozes do bom senso que disseram o óbvio: o romance do Valter Hugo Mãe até pode ser bom (que o é), mas aquela linguagem não é própria para um adolescente de 13 anos. É verdade. E foi isso e só disso que o lapso informático veio desculpar-se. O PLN pede desculpa por ter recomendado o livro para adolescentes de 13/14 anos; na verdade, queria recomendá-lo a jovens de 16/17 anos.

Os pais do Liceu Pedro Nunes já podem dormir descansado, a sensibilidade dos filhos já não será mais ofendida, porque ler “aquela coisa abjeta” três anos mais velho passa a fazer sentido. Até lá, os pais vão preparar o espírito dos jovens e adolescentes para parágrafos tão feios quanto aqueles.
Entretanto, o pessoal entendido em literatura sempre podia dar uma vista de olhos no “Nosso Reino”, passar à frente os parágrafos sacrílegos e deixar uma opinião abalizada. Nos intervalos das leituras podem aproveitar para dar uma espreitadela aos portáteis, tablets e smartphones dos filhos e das filhas e verificar que tipo de fotos (in)decentes andam a postar, os vídeos que trocam entre si nos chats, os sites que visitam, os filmes que veem. Depois voltem ao livro do Valter Hugo Mãe, leiam os parágrafos da polémica e comparem.

É uma tarefa que dá o seu trabalho, mas verão que vão ficar a saber coisas interessantes sobre literatura e os próprios filhos.  
GAVB

segunda-feira, 26 de setembro de 2016

OS PRESERVATIVOS ESCOLARES DO PS




A Educação em Portugal deve estar lindamente! A grande preocupação do Partido Socialista para o setor da Educação, neste momento, é a distribuição gratuita de preservativos aos alunos do ensino secundário, conjugada com a efetiva implementação dos gabinetes de informação, relativos à educação sexual.
Há problemas no 1.º ciclo? Há turmas mistas por todo o lado, apesar de serem pedagogicamente desaconselháveis? A Educação Especial vive na ilegalidade e os alunos com necessidades educativas especiais estão longe de ter o apoio devido? As faculdades e os institutos politécnicos sobrevivem com um financiamento deficitário? Isso não interessa nada! Um dia resolve-se por si; o que interessa é distribuir preservativos pelos alunos com mais de 15 anos, porque esta é a maneira mais eficaz de resolver o problema da Educação Sexual.

Santo Deus, esta gente não se olha ao espelho? Não tem noção do ridículo? Acha que os cidadãos em geral, e as pessoas diretamente envolvidas no setor da Educação não percebem quanto isto revela impreparação técnica, insensatez política, falta de ideias, meios e coragem para atacar, pelo menos um, dos problemas prioritários?
Claro que falar de preservativos garante fogo-de-artifício mediático, entretém o público, descentra a discussão política do essencial que há para fazer em Educação, que é muito.
Isto que não quer dizer que a Educação Sexual não seja uma matéria importante, onde ainda há muito por fazer, mas para tal o Ministério tem um problema ético/moral para resolver primeiro: até onde pode ir a Educação Sexual e a partir de que idade? Convém não iludir a questão da mentalidade: uma grande parte dos pais e encarregados de educação não estão disponíveis para que a Escola vá além do livro de Ciências ou da visão moral do pensamento católico. Também é por causa disto que a Educação Sexual não avança nas escolas portuguesas.

O grupo parlamentar do PS diz que a Educação Sexual comporta uma “dimensão afetiva, sentimental, pessoal e social que o professor devia estar habilitado a abordar”. Mas de que professor estamos a falar? Do professor de Ciências? Do professor de moral? O PS sabe bem que os profissionais que melhor poderiam desempenhar este papel seriam os psicólogos, mas foge à questão, porque isso custa um bom dinheiro. Há anos que esta classe profissional faz imensa falta na escola pública portuguesa, sendo só chamada para preencher relatórios atrás de relatórios, já que cada psicólogo tem a seu cargo dois mil, três mil alunos.
Se o PS quer fazer alguma coisa pela Educação Sexual, guarde o dinheiro que quer investir em preservativos, junte-lhe alguns milhões e recomende ao governo que quadruplique o número de psicólogos nas escolas. Se pelo menos um ficasse com o gabinete de apoio/informação à Educação Sexual dos alunos era um grande avanço.

Gabriel Vilas Boas