Manuel Carmo Gomes e outros epidemiologistas, com presença ativa nas reuniões do Infarmed, falaram claro: o desastroso último mês, no que diz respeito à resposta à pandemia da Covid-19, deveu-se às medidazinhas remendadas e tardias com que o governo português atacou um sério problema.
Há mais de vinte dias que cai um avião em Portugal, sem sobreviventes, e isso não pode ser normal. António Costa e o seu governo, assim como Marcelo Rebelo de Sousa são os principais culpados pela inação, pela falta de firmeza, pela falta de medidas adequadas, no combate ao grave problema de saúde de Portugal no último século.
Morreu muita gente que não tinha de morrer. Não só agora mas também há um mês era óbvio que as pessoas não podiam andar na rua alegremente, e aos molhos aos sábados e domingos de manhã, quando já tínhamos mais de cinco mil casos por dia. Também era evidente que as escolas tinham de parar, como dizia toda a comunidade científica, mas a comunicação social continuava a ouvir os Ascenções desta vida como se o que estivesse em causa fosse uma qualquer luta sindical.
Morreram milhares de pessoas e muitas delas não tinham de morrer se ouvíssemos os médicos e epidemiologistas e tomássemos por bons os seus conselhos.
Tal como acontece com outros assuntos, a televisão está cheio de gente que acha isto e aquilo e é essa gente que o governo parece ouvir para depois decidir.
Os médicos não são insensíveis à economia, ao cansaço das pessoas, mas ninguém foi tomar o seu lugar quando os hospitais estavam entupidos de gente com Covid. Nenhum desses peritos de coisa nenhuma acolheu uma ambulância e prestou auxílio a um doente grave.
O governo português não abunda em gente muito competente, mas ainda lá estão alguns com algum bom senso. É preciso que essa gente tenha poder de decisão. É preciso que não queiram fazer de Marta Temido um qualquer Tiago Brandão Rodrigues, que tem de perguntar todas as semanas «o que é p'ra dizer agora?»
Manuel Carmo Gomes não tem mais tempo para aturar incompetentes e gente que não fez outra coisa na vida do que ser um jogador político. A ministra da saúde está cansada de ser derrotada no Conselho de Ministros. Ela precisa que a população entenda que é preciso estar fechado mais seis semanas e sem pressionar todos os dias para desconfinar.
Voltaremos apenas quando for seguro. E é isso que temos de absorver. Quanto mais cedo aceitarmos estas condições mais perto estaremos do regresso.
Muitas vezes pergunto-me «Para quê precisamos dos políticos?» A resposta surge-me agora mais clara do que nunca: precisamos que não atrapalhem, que decidam com base em critérios racionais e que deixem os joguinho políticos para o seu mundo paralelo e virtual.
Gabriel Vilas Boas
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