Timidamente, alguns media recordaram, ontem, o nascimento de uma das maiores figuras do século XX: Nelson Mandela.
A história do ex-presidente sul-africano é conhecida e o seu legado, quer na luta contra o Racismo quer na busca de uma sociedade livre e pacífica, uma herança fabulosa.
Apesar do longo tempo na prisão, a extensa vida de Mandela permitiu-lhe ter um papel fundamental na reconciliação entre negros e brancos, no período pós-apartheid, na sociedade sul-africana.
Uma década depois da sua retirada e breves anos passados sobre a sua morte, uma pergunta inquietante assalta-me: que fizemos nós à extraordinária herança de Mandela?
Infelizmente, sinto que a o mundo a abandonou como uma relíquia do passado. Mandela parece apenas um nome na História, um imponente líder africano que muito fez pela reconciliação do seu povo, mas cuja a ação parece condenada a morrer no passado.
Nada mais errado, nada mais ingrato, nada mais estúpido.
Nada mais errado, nada mais ingrato, nada mais estúpido.
Mandela foi um grito da Humanidade que acredita que todo o ser humano é igual em direitos e deveres, que aspira a viver em paz e considera a educação um instrumento fundamental para sorver o oxigénio da liberdade.
Precisamos de abraçar a herança de Mandela e pô-la a render. Não apenas em África, mas em todos os continentes, pois muitos povos, desesperados, têm-se deixado dominar por líderes pequeninos e com ideais racistas, xenófobos, que envergonham qualquer ser humano.
A herança de Mandela pertence à humanidade e por isso cabe a cada um de nós o dever de a proteger e fazê-la render, através de pequenos e grandes gestos, em especial, nos momentos coletivos de maior tensão e desespero.
É importante recordar os ensinamentos de Mandela, citar as suas frases mais fortes, lembrar o seu percurso corajoso e inspirador, mas não é suficiente. É necessário algo de novo e nosso: fazer crescer o número de democracias em África; aumentar a percentagem de crianças e jovens que frequentam a instrução básica no continente de Mandela, na Ásia ou na América do Sul; derrotar os movimentos racistas na Europa ou nos EUA; diminuir o fosso económico entre ricos e pobres dentro de uma mesma sociedade.
Tudo isto faria da herança de Mandela um diamante único e valioso em viagem pelo mundo em vez de uma peça arqueológica, abandonada no baú da memória.
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