Uma prostitua denuncia aos deputados da Assembleia da República e à comunicação social as perversões sexuais de um juiz, que solicitava sexo oral enquanto ouvia gravações de menores.
Exposto na praça pública, o juiz usa a mesma comunicação social para se defender, negando conhecer o local dos alegados atos sexuais com prostitutas e a perversão sexual que enoja qualquer um, ao mesmo tempo que desafia a autora da denúncia a apresentar provas.
Os passos dados pela prostituta obrigam-na a comprovar cabalmente a sua acusação, mas o tempo, a denúncia e a dúvida instalada são lava incandescente sobre a dignidade do juiz, que sente o enorme peso que uma acusação deste tipo acarreta, quer a nível pessoal como social e profissionalmente.
Por mais mesquinhas que sejam as motivações da prostituta, há que olhar para este tipo de denúncia sem preconceitos.
Quanto mais rapidamente esquecermos que a denunciante é uma puta e o acusado um juiz, mais aptos estaremos para discernir entre uma cabala pérfida ou uma denúncia corajosa.
Quero ouvir a prostituta apenas como uma mulher, tão credível como qualquer outra mulher, apesar da pouca dignidade da sua profissão.
Quero garantir ao juiz o direito a defender a sua dignidade, mas sem trazer consigo a credibilidade da toga.
Obviamente que a culpa do acusado se afere com provas e não com suposições ou fracos indícios, embora nem sempre seja possível provar aquilo que acontece quando em causa estão serviços sexuais.
A prostituição não é um ato digno, mas não pode servir para enlamear definitivamente a dignidade de inimigos de ocasião, nem para descredibilizar justas acusações.
O tempo de espera será um inferno para um juiz inocente, todavia seria interessante que a magistratura aproveitasse este tempo de provação para refletir sobre quanto injusta é a Justiça que tarde; quantas almas destroem os julgamentos adiados, as sentença que se espreguiçam, indolentes, sobre os anos, como se não houvesse vidas em suspenso.

Há até um incontido prazer, em grande parte da população, em conhecer estas denúncias. Muitos tomam-nas imediatamente como verdadeiras, sem grande exigência de provas. A prostituta-denunciante sabe-o bem! Também por isso devemos exigir-lhe provas claras. Não porque do outro lado está um juiz, mas porque do outro lado está um ser humano.
Dignidade e Credibilidade não devem ser um exclusivo de determinadas profissões ou negadas a outras à partida. Porque são valores fundamentais para qualquer pessoa, exige-se que não brinquemos com eles. Muito menos de uma maneira perversa, jogando com os preconceitos de uma plateia ávida de sangue moral.
GAVB
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