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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

SHERLY CROW ABANDONA A CARREIRA PORQUE JÁ NÃO SE ACHA SEXY



Sherly Crow anuncia o fim da carreira. No final deste mês sai o seu último álbum – THREADS – e a cantora refere, numa entrevista ao The Guardian, que será o último.

É um fim algo incompreensível, até porque Sherly Crow tem apenas 57 anos e mantém muitos dos seus atributos vocais intactos. No entanto, já não se acha suficientemente sexy para continuar a atrair jovens fãs aos seus concertos.

Na entrevista ao jornal britânico, nota-se que Sherly está desencantada com o mundo da música, revelando algum ressentimento com as “regras do jogo”:  «Uma das coisas mais injustas na indústria é que os homens podem atuar para miúdas novas e ainda serem considerados sexy.”

Curiosamente durante 40 anos, Sherly Crow não se queixou das regras do jogo. Nunca se questionou por que razão lhe pagavam mais do que aos seus colegas, ainda que tivessem talento igual.

Acho uma pena este provável abandono da cantora norte-americana, mas ainda mais penoso é observar a sua argumentação – “Deixei de ser sexy!”
Na entrevista ao The Guardian, Sherly Crow junta-se ao coro das assediadas sexualmente no mundo do espetáculo (movimento Me too) e sugere que as acusações de pedofilia contra Michael Jackson podem ser verdadeiras, no entanto não tem a coragem de concretizar nenhuma delas.    
Mais uma vez, Sherly alude à sensualidade e ao corpo como elementos fundamentais no sucesso de uma mulher na carreira artística. É uma alusão indireta, algo cobarde e, sobretudo, incorreta.

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Com  este tipo de argumentação, Sherly Crow não atrai simpatia nem  sequer comiseração, mas consegue desqualificar-se. A maioria dos seus verdadeiros fãs gosta da sua voz, da sua capacidade interpretativa e não apenas do seu esbelto corpo. Era nesses talentos que ele devia apostar, prosseguindo a sua carreira musical ou cinematográfica, num outro registo. E ela tem talento e capacidade para tal.

Lamentar-se de uma putativa desigualdade face aos colegas do sexo masculino fica-lhe mal, além de ser mentira. Também um cantor de sessenta anos não consegue entrar num público adolescente ou jovem. Tem outro tipo de público, provavelmente aquele que o acompanhou ao longo da sua vida artística, que aprecia o seu talento musical e não apenas uma cara bonita ou um corpo apelativo.

Mais do que perceber e aceitar as regras do jogo do mundo do espetáculo, Sherly Crow precisa de aceitar a  chegada da velhice e perceber que mesmo uma mulher madura pode continuar em palco, desde que se concentre no seu talento e o desenvolva ou  reinvente.  
GAVB

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