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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

PARLAMENTO DOS MACACOS


A obra “Monkey Parliament” de Banksy apareceu pela primeira vez na sua icónica exposição no Museu de Bristol, em 2009. 
 “Monkey Parliament” é uma ilustração daquilo a que alguns podem chamar um assomo cínico e ingénuo de iconoclastia política. Na Câmara dos Comuns, no edifício do Parlamento britânico, os representantes eleitos estão reunidos para expressar as suas opiniões. Mas, ao contrário do organismo governativo real, os membros do parlamento de macacos estão prontos a atirar bananas uns aos outros. Embora esta montagem de macacos eleitos se comporte de forma adequada, existe uma tensão no ar. 
O aparecimento da obra de Banksy, criada em resposta ao escândalo nacional com a participação de deputados que distorceram as suas declarações de despesas, coincidiu com o crescimento da insatisfação política. 
A obra também lembra uma história de Franz Kafka, um notável escritor do início do século XX, intitulada “Relatório para uma Academia”, na qual um macaco se dirige a um conselho científico com uma pergunta sobre a sua integração na sociedade humana. 
Embora a história de Kafka fosse uma acusação sobre os requisitos de assimilação étnica, a obra icónica de Banksy é um pouco mais direta: os seus representantes eleitos fazem de si um macaco.
Hoje, a rainha de Inglaterra aceitou o pedido do primeiro-ministro inglês, Boris Johnson, e suspendeu o Parlamento britânico até meados de Outubro, ou seja, a escassos dias da data limite para a saída da Inglaterra do União Europeia.
Com esta pedida, a rainha e o governo tratam os representantes do povo como verdadeiros macacos, impedindo-os de criar legislação que obrigasse o governo inglês a uma saída negociada da UE. 
Além de inconsciente, esta decisão real manifesta um profundo desrespeito pelo seu povo. Lamentável.

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