A três de agosto de
1936, o afroamericano Jesse Owens irritava o ditador nazi Adolf Hitler ao
vencer a corrida dos 100 metros nos Jogos Olímpicos de Berlim, destronando a
ridícula teoria da superioridade física dos arianos. Hitler não percebeu o
sinal da História e submeteu o mundo a uma ignominiosa Segunda Guerra Mundial.
Trinta e dois anos mais
tarde, o velho ditador português, Oliveira Salazar, caiu literalmente da
cadeira e bateu com a cabeça no solo, sofrendo lesões cerebrais irreversíveis
que o atiraram para a morte política durante dois anos, até que Deus teve
misericórdia dele e do seu povo e o levou definitivamente. Estava mais do que
na hora de mudar o rumo da História de Portugal, mas o inverno do nosso
descontentamento perdurou mais seis inúteis anos.
É preciso entender os
sinais da História, que muitas vezes se farta da inoperância dos seus agentes e
liberta sinais claros de que está na altura de mudar.
Acabo de ler que o
astro do futebol mundial, Lionel Messi, é acusado pela Human Rights Foundation
de promover o regime corrupto do Gabão. Ao aceitar o convite pago (ao que consta, mais de três milhões de euros) do ditador
gabonês para promover o Campeonato das Nações Africanas de 2017, Messi envergonhou
o seu estatuto de embaixador da UNICEF e emprestou a sua imagem a um político
corrupto que não respeita os direitos humanos.
A crítica do presidente
da Human Rights Foundation é também um sinal do Tempo e da História. A grande
peste dos tempos modernos é a corrupção. É ela que sustenta de forma maquilhada
os governos do 1.º mundo e de forma abrutalhada as ditaduras africanas.
Está mais do que na
altura de inverter o rumo da História. Se não formos capazes de implementar
regimes políticos que respeitem integralmente todo o ser humano,
independentemente do seu estatuto social ou cor, a História encarregar-se-á,
mais uma vez, de nos infligir mais uma severa lição. Qual a fórmula que usará?
Desconheço, mas estou convicto que essa reprimenda não tardará muito.
Gabriel Vilas Boas