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quinta-feira, 16 de julho de 2015

A CABEÇA DE MEDUSA, DE RUBENS

Segundo a mitologia clássica, Medusa era uma jovem bonita e orgulhosa que ousou julgar os seus cabelos mais belos que os de Atenas. Para punir tão grande vaidade, essa deusa transformou-os em serpentes. Além disso aquele que cruzasse o olhar com o da mortal Medusa seria logo paralisado.
Medusa era uma das três Gorgonas, filhas de divindades marítimas. Era a única mortal. Vivia junto ao país das Hespérides e tinha corpo de mulher e serpentes venenosas em vez de cabelos. O penetrante olhar deste espantoso monstro era capaz de petrificar todo aquele que a olhava.
Rubens representa a perturbadora cabeça de Medusa, após ter sido decapitada por Perseu e antes de ter sido entregue à deusa Atena. Para poder matar Medusa, o herói teve de valer-se de um escudo que a refletia para evitar olhá-la diretamente. A repulsiva cabeça do monstro jaz sobre uma rocha de cabelo mostrando, no entanto, as feridas da sua morte agonizante. O pescoço inundado de sangue, com cobras que se alimentam dele, é arrepiante.
Com grande dramatismo, um emaranhado de desagradáveis serpentes entrelaça-se e, inclusivamente, lutam pela sobrevivência ao mesmo tempo que o rosto de Medusa transmite, com grande vivacidade, fortes emoções. Os efeitos luminosos contribuem para potenciar a dantesca imagem.
Um análise mais pormenorizado do óleo que o pintor do flamengo do estilo barroco pintou em 1618 permite-nos perceber com nitidez as texturas escamadas, as quais são representadas com grande realismo. O colorido dos répteis, as suas formas ondulantes e os reflexos que a incidência da luz provoca sobre eles, torna-os quase reais.
O rosto pálido de Medusa é intimidante e o seu ricto perturbador. Os grandes e expressivos olhos mantêm o olhar alheio enquanto a língua sobressai dos seus lábios arroxeados.

A cabeça de Medusa foi também representada por Caravaggio em 1599,num óleo de dimensões bem mais reduzidas do que a tela de Rubens que podemos observar em Viena, no Museu Kunsthistorisches.
Gabriel Vilas Boas

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