Segundo a mitologia
clássica, Medusa era uma jovem bonita e orgulhosa que ousou julgar os seus
cabelos mais belos que os de Atenas. Para punir tão grande vaidade, essa deusa
transformou-os em serpentes. Além disso aquele que cruzasse o olhar com o da
mortal Medusa seria logo paralisado.
Medusa era uma das três
Gorgonas, filhas de divindades marítimas. Era a única mortal. Vivia junto ao
país das Hespérides e tinha corpo de mulher e serpentes venenosas em vez de
cabelos. O penetrante olhar deste espantoso monstro era capaz de petrificar
todo aquele que a olhava.
Rubens representa a
perturbadora cabeça de Medusa, após ter sido decapitada por Perseu e antes de
ter sido entregue à deusa Atena. Para poder matar Medusa, o herói teve de
valer-se de um escudo que a refletia para evitar olhá-la diretamente. A
repulsiva cabeça do monstro jaz sobre uma rocha de cabelo mostrando, no
entanto, as feridas da sua morte agonizante. O pescoço inundado de sangue, com
cobras que se alimentam dele, é arrepiante.
Com grande dramatismo,
um emaranhado de desagradáveis serpentes entrelaça-se e, inclusivamente, lutam
pela sobrevivência ao mesmo tempo que o rosto de Medusa transmite, com grande
vivacidade, fortes emoções. Os efeitos luminosos contribuem para potenciar a
dantesca imagem.
Um análise mais
pormenorizado do óleo que o pintor do flamengo do estilo barroco pintou em 1618
permite-nos perceber com nitidez as texturas escamadas, as quais são
representadas com grande realismo. O colorido dos répteis, as suas formas
ondulantes e os reflexos que a incidência da luz provoca sobre eles, torna-os
quase reais.
O rosto pálido de
Medusa é intimidante e o seu ricto perturbador. Os grandes e expressivos olhos
mantêm o olhar alheio enquanto a língua sobressai dos seus lábios arroxeados.
A cabeça de Medusa foi
também representada por Caravaggio em 1599,num óleo de dimensões bem mais
reduzidas do que a tela de Rubens que podemos observar em Viena, no Museu Kunsthistorisches.
Gabriel Vilas Boas
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