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quarta-feira, 15 de julho de 2015

A BASTILHA


Passaram, ontem, 226 anos sobre a tomada da Bastilha, uma data e local com grande simbolismo para os franceses. Hoje não me quer deter sobre a data, mas sobre o local.
A Bastilha foi mandada construir por Carlos V como portão fortificado das muralhas de Paris, em meados do século XIV. A sua intenção inicial era defender a cidade dos ataques ingleses, que, na altura, hostilizavam com frequência.
Três séculos depois, o portão foi transformado em fortaleza militar e prisão, usada pela nobreza e monarquia francesas para manter presos todos aqueles que se opunham ao regime.

Normalmente a Bastilha estava ocupada por uma média de 40 “inimigos” do Estado. A prisão tornou-se num símbolo da autoridade e fascismo do Estado. Para se ser encarcerado bastava um mandado de captura direto, assinado pelo rei.
No reinado de Luís XIV, a Bastilha funcionou também como local de detenção judicial. Servia ainda para depósito de livros e panfletos proibidos, ou seja, rapidamente tornou-se num local de pessoas e ideias perigosas para a monarquia francesa, cada vez mais acossada.
 A estrutura da Bastilha comportava oito torres de trinta metros de altura, todas ligadas por muralhas de pedra reforçadas. Com uma espessura de três metros, as muralhas eram rodeadas por um fosso de vinte e quatro metros de largura, que, por sua vez, estava cercado por pequenos muros.

A posição e a forma circular das torres não só aumentavam a resistência da Bastilha como davam aos soldados uma vista de 3600, englobando os pátios interiores e os territórios em volta do edifício. Com as torres ligadas era também mais fácil aos soldados circularem entre torres sem terem de descer ao rés-do-chão.
O interior da Bastilha incluía dois pátios principais, “escritórios”, aposentos de oficiais de menor patente, câmara de interrogatório, armazéns de armamento, masmorras, celas, residências de carcereiros, uma cozinha e uma pequena capela.
As celas diferiam bastante: havia celas escuras e húmidas, nas masmorras, habitadas por ratazanas, mas também aposentos espaçosos, com fogões, cadeiras e camas e outras que eram apertadas e frias. Ficavam nas torres. O tipo de cela atribuída dependia da classe social do prisioneiro, da sua riqueza e até do crime cometido. A nobreza, por exemplo, tinha direito a aposentos melhores e até vistas para o exterior.  

As execuções na Bastilha eram concretizadas de três formas: enforcamento, decapitação com o machado ou morte na fogueira. Os nobres eram os únicos prisioneiros que podiam escolher a forma como seriam mortos. Normalmente optava pela decapitação, pois era vista como uma forma correta de execução pela aristocracia. Havia muito interesse popular em assistir às decapitações e por isso estas nunca era agendadas para os dias em que houvesse estreia de peça de teatro.
No geral, a Bastilha oferecia um nível de conforto muito superior ao de outras prisões na época, mas, por albergar vários inimigos do Estado e ativistas políticos, tornou-se sinónimo e símbolo do regime decadente e fascista da monarquia.
Tudo culminaria no dia 14 de julho de 1789, com os revolucionários a pedirem ao governador da Bastilha, Bernard Rene Jourdan, que cedesse as largas lá guardadas, para ajudar à sua causa. Jourdan não disse que sim nem que não; furiosos, por esta ação aparentemente pró-monárquica, os revolucionários tomaram de assalto a Bastilha.


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