O quadro que vos proponho hoje está em Paris,
no Museu do Louvre, desde 1918.
Trata-se de um quadro de Bosch, provavelmente
da última década do século XV, cujo nome é bem sugestivo: A NAVE DOS LOUCOS.
Desconhece-se a sua origem e parece
faltar-lhe a parte inferior. O tema representado faz referência a uma história
em tom burlesco, acerca da corrupção existente na sociedade em
geral e no clero, em particular.
É muito provável que o pintor se tenha
baseado num poema satírico, em latim, de Sebastian Brant que, na sua edição de
1498, apresenta algumas gravuras com ilustrações que não têm nada a ver com a
obra de Bosch.
Os protagonistas da pintura são uma freira
e um frade franciscano que estão tão distraídos, tentando fincar os dentes num
pedaço de comida, pendurada por um fio, que nem dão conta que um ladrão lhes
vai roubar o pouco que lhes resta sobre a mesa.
Nesta pequena tela (óleo sobre madeira de
58 X 33 cm) realço dois pormenores: um na parte superior da pintura e outro na
parte inferior direita.
No primeiro caso, vemos que o mastro do
navio se converteu numa árvore em que se destaca uma caveira. A bandeira,
flutuando ao vento, mostra uma meia-lua que faz alusão aos lunáticos, ou seja,
aos loucos que eram habitualmente marginalizados nas suas cidades de origem e
obrigado a viajar num barco sem rumo fixo.
O segundo pormenor que destaco é o da personagem
masculina que está a vomitar. Este vómito foi interpretado por alguns
historiadores de arte como símbolo da abominável náusea que os condenados
sentem no inferno.
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